Tempo Desperdiçado por NegligĂȘncia

Procede deste modo, caro LucĂ­lio: reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que atĂ© agora te era roubado, te era subtraĂ­do, que te fugira das mĂŁos. Convence-te de que as coisas sĂŁo tal como as descrevo: uma parte do tempo Ă©-nos tomada, outra parte vai-se sem darmos por isso, outra deixamo-la escapar. Mas o pior de tudo Ă© o tempo desperdiçado por negligĂȘncia. Se bem reparares, durante grande parte da vida agimos mal, durante a maior parte nĂŁo agimos nada, durante toda a vida agimos inutilmente.
Podes indicar-me alguĂ©m que dĂȘ o justo valor ao tempo aproveite bem o seu dia e pense que diariamente morre um pouco? É um erro imaginar que a morte estĂĄ Ă  nossa frente: grande parte dela jĂĄ pertence ao passado, toda a nossa vida pretĂ©rita Ă© jĂĄ do domĂ­nio da morte!
Procede, portanto, caro LucĂ­lio, conforme dizes: preenche todas as tuas horas! Se tomares nas mĂŁos o dia de hoje conseguirĂĄs depender menos do dia de amanhĂŁ. De adiamento em adiamento, a vida vai-se passando.