A Importância de Aprender várias LĂnguas
Pessoas com poucas capacidades nĂŁo conseguirĂŁo realmente assimilar com facilidade uma lĂngua estrangeira: embora aprendam as suas palavras, empregam-nas apenas no significado do equivalente aproximado da sua lĂngua materna e continuam a manter as construções e frases prĂłprias desta Ăşltima. Com efeito, esses indivĂduos nĂŁo conseguem assimilar o espĂrito da lĂngua estrangeira, que depende essencialmente do facto do seu pensamento nĂŁo se dar por meios prĂłprios, mas, em grande parte, de ser emprestado pela lĂngua materna, cujas frases e locuções habituais substituem os seus prĂłprios pensamentos. Eis, portanto, a razĂŁo de eles sempre se servirem, tambĂ©m na prĂłpria lĂngua, de expressões idiomáticas desgastadas, combinando-as de modo tĂŁo inábil, que logo se percebe quĂŁo pouco se dĂŁo conta do seu significado e quĂŁo pouco todo o seu pensamento supera as palavras, de modo que tudo se reduz a um palratĂłrio de papagaios. Pela razĂŁo oposta, a originalidade das locuções e a adequação individual de cada expressĂŁo usada por alguĂ©m sĂŁo o sintoma inequivocável de um espĂrito preponderante.
Por conseguinte, de tudo isso resultam os seguintes factores: no aprendizado de toda a lĂngua estrangeira, sĂŁo formados novos conceitos para dar significado a novos signos; certos conceitos separam-se uns dos outros, enquanto antes constituĂam juntos um conceito mais amplo e,
Textos sobre Originalidade de Arthur Schopenhauer
3 resultadosNunca Tomar Ninguém como Modelo
Para as nossas acções e omissões, nĂŁo Ă© preciso tomar ninguĂ©m como modelo, visto que as situações, as circunstâncias e as relações nunca sĂŁo as mesmas e porque a diversidade dos carácteres tambĂ©m confere um colorido diverso a cada acção. Desse modo, duo cum faciunt idem, non est idem (quando duas pessoas fazem o mesmo, nĂŁo Ă© o mesmo). ApĂłs ponderação madura e raciocĂnio sĂ©rio, temos de agir segundo o nosso carácter. Portanto, tambĂ©m em termos práticos, a originalidade Ă© indispensável; caso contrário, o que se faz nĂŁo combina com o que se Ă©.
Existem TrĂŞs Tipos de Escritores
Pode-se dizer que existem três tipos de autores. Em primeiro lugar, temos aqueles que escrevem sem pensar. Escrevem a partir da memória, das reminiscências, ou mesmo directamente dos livros dos outros. Esta classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, há aqueles que pensam enquanto escrevem. Pensam para escrever. Muito vulgares. Em terceiro lugar, temos aqueles que pensaram antes de começar a escrever. Escrevem simplesmente porque pensaram. Muito raros.
Mesmo entre o pequeno nĂşmero de escritores que pensam seriamente antes de começar a escrever, há extremamente poucos que pensam acerca do tema propriamente dito: os restantes pensam simplesmente em livros, naquilo que os outros disseram acerca do assunto. Necessitam, quer isso dizer, do estĂmulo prĂłximo e poderoso das ideias produzidas por outras pessoas para conseguirem pensar. Essas ideias sĂŁo, pois, o seu tema imediato, de modo que ficam constantemente sob a sua influĂŞncia e, consequentemente, nunca alcançam a verdadeira originalidade. A minoria acima referida, por outro lado, Ă© estimulada a pensar pelo tema em si, de modo que os seus pensamentos sĂŁo dirigidos imediatamente para ele. SĂł entre esses se descobrem os escritores que perduram e se tornam imortais.
Só vale a pena ler a obra daquele que escreve directamente a partir da sua própria cabeça.