Controlar a Ansiedade
Quando receamos algum mal, o prĂłprio facto de o recearmos atormenta-nos enquanto o aguardamos: teme-se vir a sofrer alguma coisa e sofre-se com o medo que se sente! Tal como nas doenças fĂsicas há certos sintomas que pressagiam a molĂ©stia – incapacidade de movimento, lassidĂŁo completa mesmo quando se nĂŁo faz nenhum esforço, sonolĂŞncia, calafrios por todo o corpo -, tambĂ©m um espĂrito dĂ©bil se sente abalado, mesmo antes de qualquer mal se abater sobre ele: como que adivinha o mal futuro, e deixa-se vencer antes do tempo. Há coisa mais insensata do que nos angustiarmos com o futuro em vez de deixarmos chegar a hora da aflição, e atrairmos sobre nĂłs todo um cĂşmulo de tormentos? Quando nĂŁo Ă© possĂvel livrarmo-nos por completo da angĂşstia, pelo menos adiemo-la tanto quanto pudermos. Queres ver como Ă© verdade que ninguĂ©m deve atormentar-se com o futuro?
Imagina um homem a quem tenha sido dito que depois dos cinquenta anos será submetido a graves suplĂcios: ele permanece imperturbável enquanto nĂŁo passa a metade desse espaço de tempo, altura em que começa a aproximar-se da angĂşstia prometida para a segunda metade da sua vida. Por um processo semelhante sucede tambĂ©m que certos espĂritos doentes sempre em busca de motivos para sofrer se deixam tomar de tristeza por factos já remotos e esquecidos.
Textos sobre Sintomas de Séneca
2 resultadosO Estilo Ă© um Reflexo da Vida
Qual a causa que provoca, em certas Ă©pocas, a decadĂŞncia geral do estilo ? De que modo sucede que uma certa tendĂŞncia se forma nos espĂritos e os leva Ă prática de determinados defeitos, umas vezes uma verborreia desmesurada, outras uma linguagem sincopada quase Ă maneira de canção? Porque Ă© que umas vezes está na moda uma literatura altamente fantasiosa para lá de toda a verosimilhança, e outras a escrita em frases abruptas e com segundo sentido em que temos de subentender mais do que elas dizem? Porque Ă© que nesta ou naquela Ă©poca se abusa sem restrições do direito Ă metáfora? Eis o rol dos problemas que me pões. A razĂŁo de tudo isto Ă© tĂŁo bem conhecida que os Gregos atĂ© fizeram dela um provĂ©rbio: o estilo Ă© um reflexo da vida! De facto, assim como o modo de agir de cada pessoa se reflecte no modo como fala, tambĂ©m sucede que o estilo literário imita os costumes da sociedade sempre que a moral pĂşblica Ă© contestada e a sociedade se entrega a sofisticados prazeres. A corrupção do estilo demonstra plenamente o estado de dissolução social, caso, evidentemente, tal estilo nĂŁo seja apenas a prática de um ou outro autor,