O Verdadeiro Homem
É evidente que a natureza se preocupa bem pouco com o que o homem tem ou nĂŁo no espĂrito. O verdadeiro homem Ă© o homem selvagem, que se relaciona com a natureza tal como ela Ă©. Assim que o homem aguça a sua inteligĂŞncia, desenvolve as suas ideias e a forma de as exprimir, ou adquire novas necessidades, a natureza opõe-se aos seus desĂgnios em toda a linha. SĂł lhe resta violentá-la, continuamente. Ela, pelo seu lado, tambĂ©m nĂŁo fica quieta. Se ele suspende por momentos o trabalho que se impusera, ela torna-se de novo dominadora, invade-o, devora-o, destrĂłi ou desfigura a sua obra; dir-se-ia que acolhe com impaciĂŞncia as obras-primas da imaginação e da perĂcia do homem.
Que importam Ă ronda das estações, ao curso dos astros, dos rios e dos ventos, o PartĂ©non, SĂŁo Pedro de Roma e tantas outras maravilhas da arte? Um tremor de terra ou a lava de um vulcĂŁo reduzem-nos a nada; os pássaros farĂŁo os seus ninhos nas suas ruĂnas; os animais selvagens irĂŁo buscar os ossos dos construtores aos seus tĂşmulos entreabertos.
Textos sobre Túmulo de Eugène Delacroix
2 resultadosA Sabedoria do Homem Comum
Os ignorantes e o homem comum nĂŁo tĂŞm problemas. Para eles na Natureza tudo está como deve estar. Eles compreendem as coisas pela simples razĂŁo delas existirem. E, na realidade, nĂŁo dĂŁo eles provas de mais razĂŁo do que todos os sonhadores, que chegam a duvidar do seu prĂłprio pensamento? Morre um dos seus amigos, e como julgam saber o que Ă© a morte Ă dor que sentem por o perderem nĂŁo acrescentam a cruel ansiedade que resulta da impossibilidade de aceitar um acontecimento tĂŁo natural… Estava vivo, e agora encontra-se morto; falava-me, o seu espĂrito prestava atenção ao que eu lhe dizia, mas hoje já nada disso existe: resta apenas aquele tĂşmulo – mas repousa ele nesse tĂşmulo, tĂŁo frio como a prĂłpria sepultura? Erra a sua alma em redor desse monumento? Quando eu penso nele Ă© a sua alma que vem assolar a minha memĂłria? O hábito traz-nos de novo, contudo, ao nĂvel do homem comum.
Quando o seu rasto se tiver apagado – nĂŁo há dĂşvidas de que ele morreu! – entĂŁo a coisa deixará de nos incomodar. Os sábios e os pensadores parecem portanto menos avançados que o homem comum, já que eles prĂłprios nĂŁo tĂŞm a certeza,