Passagens sobre Vénus

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Plena Nudez

Eu amo os gregos tipos de escultura:
PagĂŁs nuas no mĂĄrmore entalhadas;
Não essas produçÔes que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.

Quero um pleno esplendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: de carne exuberante e pura
Todas as saliĂȘncias destacadas…

NĂŁo quero, a VĂȘnus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevĂȘ-la
De transparente tĂșnica atravĂ©s:

Quero vĂȘ-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus… toda nua, da cabeça aos pĂ©s!

Ode à Esperança

1

Vem, vem, doce Esperança, Ășnico alĂ­vio
Desta alma lastimada;
Mostra, na c’roa, a flor da Amendoeira,
Que ao Lavrador previsto,
Da Primavera prĂłxima dĂĄ novas.

2

Vem, vem, doce Esperança, tu que animas
Na escravidĂŁo pesada
O aflito prisioneiro: por ti canta,
Condenado ao trabalho,
Ao som da braga, que nos pés lhe soa,

3

Por ti veleja o pano da tormenta
O marcante afouto:
No mar largo, ao saudoso passageiro,
(Da sposa e dos filhinhos)
Tu lhe pintas a terra pelas nuvens.

4

Tu consolas no leito o lasso enfermo,
C’os ares da melhora,
Tu dås vivos clarÔes ao moribundo,
Nos jĂĄ vidrados olhos,
Dos horizontes da Celeste PĂĄtria.

5

Eu jå fui de teus dons também mimoso;
A vida largos anos
Rebatida entre acerbos infortĂșnios
A sustentei robusta
Com os pomos de teus vergéis viçosos.

6

Mas agora, que MĂĄrcia vive ausente;
Que nĂŁo me alenta esquiva
C’o brando mimo dum de seus agrados,

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Dormindo

PĂĄlida, bela, escultural, clorĂłtica
Sobre o divĂŁ suavĂ­ssimo deitada,
Ela lembrava — a pĂĄlpebra cerrada —
Uma ilusĂŁo esplendida de Ăłtica.

A peregrina carnação das formas,
— o sensual e lĂ­mpido contorno,
Tinham esse quĂȘ de avĂ©rnico e de morno,
Davam a Zola as mais corretas normas!…

Ela dormia como a VĂȘnus casta
E a negra coma aveludada e basta
Lhe resvalava sobre o doce flanco…

Enquanto o luar — pela janela aberta —
— como uma vaga exclamação — incerta
Entrava a flux — cascateado — branco!!…

Deixai a Vida aos Crentes Mais Antigos

VĂłs que, crentes em Cristos e Marias,
Turvais da minha fonte as claras ĂĄguas
SĂł para me dizerdes
Que hå åguas de outra espécie

Banhando prados com melhores horas
Dessas outras regiÔes pra que falar-me
Se estas ĂĄguas e prados
SĂŁo de aqui e me agradam?

Esta realidade os deuses deram
E para bem real a deram externa.
Que serĂŁo os meus sonhos
Mais que a obra dos deuses?

Deixai-me a Realidade do momento
E os meus deuses tranqĂŒilos e imediatos
Que nĂŁo moram no Vago
Mas nos campos e rios.

Deixai-me a vida ir-se pagĂŁmente
Acompanhada pelas avenas tĂȘnues
Com que os juncos das margens
Se confessam de PĂŁ.

Vivei nos vossos sonhos e deixai-me
O altar imortal onde Ă© meu culto
E a visível presença
Os meus prĂłximos deuses.

InĂșteis procos do melhor que a vida,
Deixai a vida aos crentes mais antigos
Que a Cristo e a sua cruz
E Maria chorando.

Ceres, dona dos campos, me console
E Apolo e VĂȘnus,

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Aurora Morta, Foge! Eu Busco A Virgem Loura

Aurora morta, foge! Eu busco a virgem loura
Que fugiu-me do peito ao teu clarĂŁo de morte
E Ela era a minha estrela, o meu Ășnico Norte,
O grande Sol de afeto – o Sol que as almas doura!

Fugiu… e em si a Luz consoladora
Do amor – esse clarĂŁo eterno d’alma forte –
Astro da minha Paz, SĂ­rius da minha Sorte
E da Noute da vida a VĂȘnus Redentora.

Agora, oh! Minha MĂĄgoa, agita as tuas asas,
Vem! Rasga deste peito as nebulosas gazas
E, num PĂĄlio auroral de Luz deslumbradora,

Ascende Ă  Claridade. Adeus oh! Dia escuro,
Dia do meu Passado! Irrompe, meu Futuro;
Aurora morta, foge – eu busco a virgem loura!

A Mentira Agrada Mais do Que a Verdade

O espĂ­rito do homem Ă© feito de maneira que lhe agrada muito mais a mentira do que a verdade. Fazei a experiĂȘncia: ide Ă  igreja, quando aĂ­ estĂŁo a pregar. Se o pregador trata de assuntos sĂ©rios, o auditĂłrio dormita, boceja e enfada-se, mas se, de repente, o zurrador (perdĂŁo, o pregador), como aliĂĄs Ă© frequente, começa a contar uma histĂłria de comadres, toda a gente desperta e presta a maior das atençÔes.
Como Ă© fĂĄcil essa felicidade! Os conhecimentos mais fĂșteis, como a gramĂĄtica por exemplo, adquirem-se Ă  custa de grande esforço, enquanto a opiniĂŁo se forma com grande facilidade, contribuindo tanto ou talvez mais para a felicidade. Se um homem come toucinho rançoso, de que outro nem o cheiro pode suportar, com o mesmo prazer com que comeria ambrĂłsia, que tem isso a ver com a felicidade? Se, pelo contrĂĄrio, o esturjĂŁo causa nĂĄuseas a outro, que temos nĂłs com isso? Se uma mulher, horrivelmente feia, parece aos olhos do marido semelhante a VĂ©nus, para o marido Ă© o mesmo do que se ela fosse bela.

Em louvor do grande CamÔes

Sobre os contrĂĄrios o terror e a morte
Dardeje embora Aquiles denodado,
Ou no rĂĄpido carro ensanguentado
Leve arrastos sem vida o Teuco forte:

Embora o bravo MacedĂłnio corte
Coa fulminante espada o nĂł fadado,
Que eu de mais nobre estĂ­mulo tocado,
Nem lhe amo a glĂłria, nem lhe invejo a sorte:

Invejo-te, CamÔes, o nome honroso;
Da mente criadora o sacro lume,
Que exprime as fĂșrias de Lieu raivoso:

Os ais de InĂȘs, de VĂ©nus o queixume,
As pragas do gigante proceloso,
O cĂ©u de Amor, o inferno do CiĂșme.

A Rosa

Tu, flor de Vénus,
Corada Rosa,
Leda, fragrante,
Pura, mimosa,

Tu, que envergonhas
As outras flores,
Tens menos graça
Que os meus amores.

Tanto ao diurno
Sol coruscante
Cede a nocturna
Lua inconstante,

Quanto a MarĂ­lia
TĂ© na pureza
Tu, que és o mimo
Da Natureza.

O buliçoso,
CĂąndido Amor
PĂŽs-lhe nas faces
Mais viva cor;

Tu tens agudos
Cruéis espinhos,
Ela suaves
Brandos carinhos;

Tu nĂŁo percebes
Ternos desejos,
Em vĂŁo FavĂłnio
Te dĂĄ mil beijos.

MarĂ­lia bela
Sente, respira,
Meus doces versos
Ouve, e suspira.

A mĂŁe das flores,
A Primavera,
Fica vaidosa
Quando te gera;

Porém Marília
No mago riso
Traz as delĂ­cias
Do ParaĂ­so.

Amor que diga
Qual Ă© mais bela,
Qual Ă© mais pura,
Se tu, ou ela;

Que diga VĂ©nus…
Ela aĂ­ vem…
Ai! Enganei-me,
Que Ă© o meu bem.

A VĂłs Seu Resplendor Deu Sol e Lua

Pelos raros extremos que mostrou
Em såbia Palas, Vénus em formosa,
Diana em casta, Juno em animosa,
África, Europa e Ásia as adorou.

Aquele saber grande que juntou
EspĂ­rito e corpo em liga generosa,
Esta mundana mĂĄquina lustrosa
De sĂł quatro elementos fabricou.

Mas fez maior milagre a natureza
Em vĂłs, Senhoras, pondo em cada uma
O que por todas quatro repartiu.

A vĂłs seu resplendor deu Sol e Lua:
A vós com viva luz, graça e pureza,
Ar, Fogo, Terra e Água vos serviu.

Diversos DÔes Reparte O Céu Benino

Diversos dÔes reparte o Céu benino,
e quer que cada ĂŒa um sĂł possua;
assi, ornou de casto peito a LĂŒa,
ornamento do assento cristalino.

De graça, a Mãe fermosa do Minino,
que nessa vista tem perdido a sua;
Palas, de discrição, que imite a tua;
do valor, Juno, só de império dino.

Mas junto agora o mesmo Céu derrama
em ti o mais que tinha, e foi o menos,
em respeito do Autor da natureza;

que, a seu pesar, te dĂŁo, fermosa Dama,
Diana, honestidade, e graça, Vénus,
Palas o aviso seu, Juno a nobreza.

O mundo sĂł Ă© tolerĂĄvel devido aos lugares vazios que existem… quando o mundo ficar completamente cheio, teremos que tomar alguma estrela. Qualquer estrela. VĂ©nus ou Marte. E deixĂĄ-la vazia. O homem precisa de um espaço vazio nalgum lugar para que o seu espĂ­rito possa lĂĄ descansar.

A Guerra

Musa, pois cuidas que Ă© sal
o fel de autores perversos,
e o mundo levas a mal,
porque leste quatro versos
de HorĂĄcio e de Juvenal,

Agora os verĂĄs queimar,
jĂĄ que em vĂŁo os fecho e os sumo;
e leve o volĂșvel ar,
de envolta como turvo fumo,
o teu furor de rimar.

Se tu de ferir nĂŁo cessas,
que serve ser bom o intento?
Mais carapuças não teças;
que importa dĂĄ-las ao vento,
se podem achar cabeças?

Tendo as sĂĄtiras por boas,
do Parnaso nos dois cumes
em hora negra revoas;
tu dĂĄs golpes nos costumes,
e cuidam que Ă© nas pessoas.

Deixa esquipar Inglaterra
cem naus de alterosa popa,
deixa regar sangue a terra.
Que te importa que na Europa
haja paz ou haja guerra?

Deixa que os bons e a gentalha
brigar ao Casaca vĂŁo,
e que, enquanto a turba ralha,
vĂĄ recebendo o balcĂŁo
os despojos da batalha.

Que tens tu que ornada histĂłria
diga que peitos ferinos,

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Classicismo

LongĂ­nquo descendente dos helenos
pelo espĂ­rito claro, a alma panteĂ­sta,
– amo a beleza esplĂȘndida de VĂȘnus
com uma alegria singular de artista!

Amo a aventura e o belo, amo a conquista!
Nem receio os traidores e os venenos…
– Trago na alma engastada uma ametista,
– meus olhos de esmeraldas sĂŁo serenos!

Com os pés na terra tenho o olhar no céu;
a alma, pura e irrequieta como as linfas
soltas no chĂŁo; nos lĂĄbios, tenho mel…

Meu culto Ă© a liberdade e a vida sĂŁ.
E ainda hoje sigo e persigo as ninfas
com a minha flauta mĂĄgica de PĂŁ!

Num Jardim Adornado De Verdura

Num jardim adornado de verdura,
a que esmaltam por cima vĂĄrias flores,
entrou um dia a deusa dos amores,
com a deusa da caça e da espessura.

Diana tomou logo ĂŒa rosa pura,
Vénus um roxo lírio, dos milhores;
mas excediam muito Ă s outras flores
as violas, na graça e fermosura.

Perguntam a Cupido, que ali estava,
qual daquelas trĂȘs flores tomaria,
por mais suave, pura e mais fermosa?

Sorrindo se, o Minino lhe tornava:
todas fermosas sĂŁo, mas eu queria
V i o l ‘a n t e s que lĂ­rio, nem que rosa.

As teorias de Freud estarão certas; mas o mito que fez nascer Vénus da espuma, também estå.

Que Mimoso Prazer!

1

Que mimoso prazer! Teu rosto amado
Me raiou na alma! Oh astro meu luzente!
Desfez-se em continente
O negrume cerrado,
Que me assombrava o coração aflito,
Em saudades tristĂ­ssimas sopito.

2

Bem, como quando aponta o sol radiante
Pelos ervosos cumes dos outeiros;
Fogem bruscos nevoeiros,
Da roxa luz brilhante;
Assim, mal vi teu rosto, assim fugiam
As MĂĄgoas, que de luto a alma cobriam

3

Quem sempre assim de amor nos brandos laços!
Doces queixas de amor absorto ouvira!
Da idade nĂŁo sentira
O voo. Entre os teus braços
Me corte o fio, com a fouce, a Morte;
Que perco a vida, sem sentir o corte!

4

Se a meiga Vénus, se o gentil Cupido
Cede a meus votos, cede Ă  minha Amada:
Se esta uniĂŁo prezada
NĂŁo rompe um Nume infido…
NĂŁo dou por mais feliz o vil Mineiro
Sobre montes de sĂłrdido dinheiro.

5

NĂŁo dou por mais feliz o Rei no trono
Lisonjado de CortesĂŁos astutos.

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Depois de Te Haver Criado, a Natureza Pasmou

A mãe, que em berço dourado
PĂŽs teu corpo cristalino,
É sup’rior ao Destino,
Depois de te haver criado.
Quando Amor, o Nume alado,
Tua infĂąncia acalentou,
Quando os teus dias fadou,
Minha LĂ­lia, minha amada,
A mĂŁe ficou encantada,
A Natureza pasmou.

Deve dar breve cuidado,
Motivar grande atenção,
A um Deus a criação,
Depois de te haver criado.
Deve de ser refinado
O engenho que ele mostrar
Desde o ponto em que criar;
Cuide nisto a omnipotĂȘncia,
Porque, ao ver a sua essĂȘncia,
A Natureza pasmou.

Ao mesmo Céu não é dado
(Bem que tanto poder goza)
Criar coisa tĂŁo formosa
Depois de te haver criado.
Naquele instante dourado,
Em que teus dotes formou,
Apenas os completou,
Arengando-lhe o Destino,
Em um ĂȘxtase divino
A Natureza pasmou.

O Céu nos tem outorgado
Quanto outorgar-nos podia;
O Céu que mais nos daria
Depois de te haver criado?
Ninfa, das Graças traslado,
Ninfa, de que escravo sou,
Jove em ti se enfeitiçou,

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O Indiferente

Posso amar tanto louras como morenas,
A que cede Ă  abundĂąncia e a que trai por pobreza,
A que busca a solidĂŁo e a que se mascara e brinca,
Aquela que o campo cultivou e a da cidade,
A que acredita, e a que hesita,
A que ainda lacrimeja com olhos esponjosos,
E a rolha seca que nunca chora.
Eu posso amar essa e esta, e tu, e tu,
Posso amar qualquer uma, desde que nĂŁo seja leal.

Nenhum outro vĂ­cio vos satisfarĂĄ?
NĂŁo vos serĂĄ Ăștil fazer como as vossas mĂŁes?
Ou, gastos todos os velhos vĂ­cios, inventaram novos?
Ou atormenta-vos o medo de que os homens sejam fiéis?
Oh, não o somos, não o sejais vós também,
Deixai-me conhecer, eu e vĂłs, mais de vinte.
Roubem-me, mas nĂŁo me prendam, deixai-me ir.
Devo eu, que vim a estas dores através de vós
Tornar-me vosso fiel sĂșbdito, porque sois leais?

Vénus ouviu-me suspirar esta canção,
E pela maior doçura do amor, a variedade, jurou
Que a não ouvira até então, e não mais seria assim.
E foi-se,

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Ó Tranças De Que Amor PrisĂ”es Me Tece

Ó tranças de que Amor prisĂ”es me tece,
Ó mãos de neve, que regeis meu fado!
Ó tesouro! Ó mistĂ©rio! Ó par sagrado,
Onde o menino alĂ­gero adormece!

Ó ledos olhos, cuja luz parece
TĂȘnue raio de sol! Ó gesto amado,
De rosas e açucenas semeado,
Por quem morrera esta alma, se pudesse!

Ó lábios, cujo riso a paz me tira,
E por cujos dulcĂ­ssimos favores
Talvez o prĂłprio JĂșpiter suspira!

Ó perfeiçÔes! Ó dons encantadores!
De quem sois? Sois de VĂȘnus? – É mentira;
Sois de MarĂ­lia, sois dos meus amores.

Elegia dos Amantes LĂșcidos

Na girĂąndola das ĂĄrvores (e nĂŁo hĂĄ quem as detenha)
Deixa de fora a tarde o vermelho que a tinge.
Se ao menos tu ficasses na pausa que desenha
O contorno lunar da noite que te finge!

Se ao menos eu gelasse uma corda do vento
para encontrar a forma exacta dum violino
Que fosse a sensibilidade deste pensamento
Com que a minha sombra vai pensando o meu destino

E nĂŁo houvesse o sono dum telhado
Entre ter de haver eu e haver o tecto;
E a eternidade nĂŁo estivesse ao lado
A colocar-nos nas costas as asas dum insecto

Meu amor, meu amor, teu gesto nasce
Para partir de ti e ser ao longe
A cor duma cidade que nos pasce
Como a ausĂȘncia de deus pastando um monge

Ah, se uma sĂșbita mĂŁo na hora a pique
Tangendo harpas geladas por segredos
Desprendesse uma aragem de repiques
Destes sinos parados pelo medo!

Mas sĂł porque vieste fez-se tarde,
Ou Ă© a vida que nasce jĂĄ tardia
Como uma estrela que se acende e arde
Porque nĂŁo cabe na rapidez do dia?

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