Passagens sobre Abril

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Quando

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hĂŁo-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarĂŁo no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarĂŁo as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu nĂŁo estivesse morta.

O que mais me marcou, no aspecto social e mundial, foi o 25 de Abril. Foi o acto que mais me marcou. Porquê? Porque o 25 de Abril, em si, tem um momento extraordinário: os militares, que fizeram o 25 de Abril, não desejavam tomar o poder. Fizeram-no para entregar o poder democrático ao país. Este é um caso raro e único.

Na primeira segunda-feira do mês de abril de 1625, a vila de Meung onde nasceu o autor do Romance da Rosa, parecia encontrar-se numa revolução tão completa como se os huguenotes lá tivessem ido fazer uma segunda Rochela.

Ironias do Desgosto

“Onde Ă© que te nasceu” – dizia-me ela Ă s vezes –
“O horror calado e triste Ă s coisas sepulcrais?
“Por que Ă© que nĂŁo possuis a verve dos franceses
“E aspiras, em silĂŞncio, os frascos dos meus sais?

“Por que Ă© que tens no olhar, moroso e persistente,
“As sombras dum jazigo e as fundas abstrações,
“E abrigas tanto fel no peito, que nĂŁo sente
“O abalo feminil das minhas expansões?

“Há quem te julgue um velho. O teu sorriso Ă© falso;
“Mas quando tentas rir parece entĂŁo, meu bem,
“Que estĂŁo edificando um negro cadafalso
“E ou vai alguĂ©m morrer ou vĂŁo matar alguĂ©m!

“Eu vim – nĂŁo sabes tu? – para gozar em maio,
“No campo, a quietação banhada de prazer!
“NĂŁo vĂŞs, Ăł descorado, as vestes com que saio,
“E os jĂşbilos, que abril acaba de trazer?

“NĂŁo vĂŞs como a campina Ă© toda embalsamada
“E como nos alegra em cada nova flor?
“EntĂŁo por que Ă© que tens na fronte consternada”
“Um nĂŁo-sei-quĂŞ tocante e enternecedor?”

Eu sĂł lhe respondia: — “Escuta-me.

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É essencial que os partidos, as pessoas, os movimentos, as associações assumam as suas responsabilidades e ponham de parte o clima de ataques demagógicos e irresponsáveis, bem como os clamores de sociabilização imediata, que têm vindo a intensificar-se desde o 25 de Abril.

O Primeiro Filho

(Carta ao amigo Bernardo Pindela)

Entre tanta miséria e tantas coisas vis
Deste vil grĂŁo de areia,
Ainda tenho o condĂŁo de me sentir feliz
Com a ventura alheia.

Ă€ minha noite triste, Ă  noite tormentosa,
Onde busco a verdade,
Chegou com asas d’oiro a canção cor-de-rosa
Da tua felicidade.

És pai, viste nascer um fragmento d’aurora
Da tua alma, de ti…
Oh, momento divino em que o sorriso chora,
E em que o pranto sorri!

Que ventura radiante! oh que ventura infinda!
OlĂ­mpicos amores
Ter frutos em Abril com o vergel ainda
Carregado de flores!

Deslumbramento!… ver num berço o teu futuro
Sorrindo ao teu presente!…
Ter a mulher e a mĂŁe: juntar o beijo puro
Com o beijo inocente!…

Eu que vou, javali de flanco ensanguentado,
Pelos rudes caminhos
Ajoelho quando escuto Ă  beira dum valado
Os murmĂşrios dos ninhos!

Em tudo que alvorece há um sorriso d’esperança,
Candura imaculada!…
E quer seja na flor, quer seja na criança
Sente-se a madrugada.

Quando,

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Ă€ Vaidade do Mundo

É a vaidade, Fábio, desta vida
Rosa que na manhĂŁ lisonjeada
Púrpuras mil com ambição coroada
Airosa rompe, arrasta presumida;

É planta que de Abril favorecida
Por mares de soberba desatada,
Florida galera empavezada,
Surca ufana, navega destemida;

É nau, enfim, que em breve ligeireza,
Com presunção de fénix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza.

Mas ser planta, rosa e nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

Soneto De Maio

Suavemente Maio se insinua
Por entre os véus de Abril, o mês cruel
E lava o ar de anil, alegra a rua
Alumbra os astros e aproxima o céu.

Até a lua, a casta e branca lua
Esquecido o pudor, baixa o dossel
E em seu leito de plumas fica nua
A destilar seu luminoso mel.

Raia a aurora tĂŁo tĂ­mida e tĂŁo fragil
Que através do seu corpo tranparente
Dir-se-ia poder-se ver o rosto

Carregado de inveja e de presságio
Dos irmĂŁos Junho e Julho, friamente
Preparando as catástrofes de Agosto…