Passagens de Arthur Schopenhauer

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Toda a rudeza é, na verdade, um apelo à animalidade, na medida em que declara a incompetência da luta das forças espirituais ou do direito moral, substituindo-a por aquela da força física.

O convívio com um único homem inteligente é suficientemente recompensador, mas, se o que se encontra são apenas tipos ordinários, então faz bem ter uma profusão deles, para que a variedade e a actuação em conjunto produzam algum efeito: e que o céu lhe conceda paciência!

A amizade verdadeira e genuína pressupõe uma participação intensa, puramente objectiva e completamente desinteressada no destino alheio; participação que, por sua vez, significa nos identificarmos de facto com o amigo.

Hegel, destruidor de papel, de tempo e de mentes! Na Alemanha, Hegel, um charlatão repugnante, estúpido e escrevinhador de disparates sem igual, conseguiu ser aclamado como o maior filósofo de todos os tempos […]. Enquanto outros sofistas, charlatães e obscurantistas falsificam e arruínam apenas o conhecimento, Hegel destruiu até mesmo o órgão do conhecimento, a própria inteligência.

Mostrar espírito e entendimento é uma maneira indirecta de repreender nos outros a sua incapacidade e estupidez. Ademais, o indivíduo comum revolta-se ao avistar o seu oposto, sendo a inveja o seu instigador secreto.

Por mais que o orgulho seja, em geral, censurado e mal-afamado, suspeito, todavia, que isso venha principalmente daqueles que nada possuem do que se orgulhar.

O valor que atribuímos à opinião dos outros, e a nossa preocupação constante em relação a ela, ultrapassam, via de regra, quase toda a expectativa racional, de modo que tal preocupação pode ser considerada como um tipo de mania difundida universalmente, ou antes, inata.

O que torna alguém digno de inveja não é o facto de ser considerado um grande homem pela multidão sem juízo, amiúde enganada, mas o de ser realmente um grande homem.

Os Escritores Medíocres

Essas mentes medíocres simplesmente não se conseguem decidir a escrever como pensam, pois acham que depois o resultado poderia adquirir uma aparência muito simplória. […] Desse modo, apresentam o que têm a dizer com construções forçadas e difíceis, neologismos e períodos extensos, que circundam o pensamento e acabam por o ocultar. Oscilam entre o esforço de o comunicar e o esforço de o esconder. Querem guarnecer o texto de modo que ele adquira uma aparência erudita ou profunda, para que as pessoas pensem que ele contém mais do que se consegue perceber no momento da leitura. Sendo assim, esboçam partes do seu pensamento em expressões curtas, ambíguas e paradoxais, que parecem significar muito mais do que dizem; logo voltam a apresentar os seus pensamentos com uma torrente de palavras e uma verbosidade insuportável, como se fossem necessárias sabe-se lá que medidas para tornar compreensível o seu sentido profundo, enquanto, na verdade, se trata de uma ideia bastante simples, para não dizer até trivial.

A Diferença Entre o Génio e a Inteligência Normal

A diferença entre o génio e a inteligência normal é, na verdade, apenas quantitativa, na medida em que é apenas uma diferença de grau: no entanto, as pessoas têm tendência para a considerar qualitativa, quando se observa como os homens normais, apesar da sua diversidade individual, pensam todos segundo certas linhas comuns, de modo que estão frequentemente em acordo unânime acerca de julgamentos que, na realidade, são falsos. Isto chega ao ponto de terem certas opiniões básicas que são mantidas em todas as eras e continuamente reiteradas, embora as grandes mentes de todas as eras tenham, aberta ou secretamente, oposto a essas opiniões.

A honra concerne apenas às qualidades que são exigidas de todos os que se encontram nas mesmas condições; a glória, às qualidades que não se podem exigir de ninguém.

Grandes Planos de Vida

Uma das maiores e mais frequentes asneiras consiste em fazer grandes planos para a vida, qualquer que seja a sua natureza. Para começar, esses planos pressupõem uma vida humana inteira e completa, que, no entanto, somente pouquíssimos conseguem alcançar. Além disso, mesmo que estes consigam viver muito, esse período de vida ainda é demasiado curto para tais planos, uma vez que a sua realização exige sempre muito mais tempo do que se imaginava; esses projectos, ademais, como todas as coisas humanas, estão de tal modo sujeitos a fracassos e obstáculos, que raramente chegam a bom termo. E, mesmo se no final tudo é alcançado, não se leva em conta o facto de que no decorrer dos anos o próprio ser humano se modifica e não conserva as mesmas capacidades nem para agir, nem para usufruir:

aquilo que se propôs fazer durante a vida toda, na velhice parece-lhe insuportável – já não tem condições de ocupar a posição conquistada com tanta dificuldade, e portanto as coisas chegaram-lhe tarde demais; ou o inverso, quando ele quis fazer algo de especial e realizá-lo, é ele que chega tarde demais com respeito às coisas. O gosto da época mudou, a nova geração não se interessa pelas suas conquistas,

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