Não tenho nenhuma saudade de mim – o que já fui não mais me interessa.
Passagens de Clarice Lispector
1250 resultadosPor enquanto há diálogo contigo. Depois será monólogo. Depois o silêncio. Sei que haverá uma ordem.
Numa experiência pela qual peço perdão a mim mesma, eu estava saindo do meu mundo e entrando no mundo.
A desistência é uma revelação.
Sem uma palavra, mas teu prazer entende o meu.
Só me interessa escrever quando eu me surpreendo com o que escrevo. Eu prescindo da realidade porque posso ter tudo através do pensamento.
Oh Deus, como estou sendo feliz. O que estraga a felicidade é o medo.
E solidão é não precisar. Não precisar deixa um homem muito só, todo só.
Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir é tão bom.
Minha orgia na verdade vinha de meu puritanismo: o prazer me ofendia, e da ofensa eu fazia prazer maior.
Ela preferia mil vezes que estivesse chovendo, porque seria muito mais fácil dormir sem medo do escuro.
Uma das coisas mais solitárias que eu conheço é não ter a premonição.
Nosso inconsciente é infinito.
Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada.
Não gosto de dar entrevistas: as perguntas me constrangem, custo a responder, e, ainda por cima, sei que o entrevistador vai deformar fatalmente minhas palavras.
Há certo instante na alegria de poder que ultrapassa o próprio medo da morte. Duas pessoas que vivem juntas procuram talvez atingir esse instante.
Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga.
Às duas horas da madrugada, enfim, nasceu ela, a ideia.
Eu sempre fui e imediatamente não era mais.
Eu acho que quando não escrevo, estou morta