Eu me ultrapasso abdicando de mim e então sou o mundo: sigo a voz do mundo, eu mesma de súbito com voz única.
Passagens de Clarice Lispector
1250 resultadosAh viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não pára, viver parece ter sono e não poder dormir – viver é incómodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito.
Me detesto. Felizmente os outros gostam de mim, é uma tranquilidade.
Sou um escritor enredado e perdido. Escrever é difícil porque toca nas raias do impossível.
Penso agora que terei que pedir licença para morrer um pouco. Com licença – sim? Não demoro. Obrigada.
Dar a cara à tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim.
Levantei-me. O tiro de misericórdia. Porque estou cansada de me defender. Sou inocente. Até ingênua porque me entrego sem garantias.
Os nossos sentimentos e pensamentos são tão sobrenaturais como uma história passada depois da morte.
Quando eu digo te amo, estou me amando em você. in: Um sopro de vida.
Para que eu continue humana meu sacrifício será o de esquecer? Agora saberei reconhecer na face comum de algumas pessoas que – que elas esqueceram. E nem sabem mais que esqueceram o que esqueceram.
Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade.
Meu coração é minha razão, essa é a lógica que inventei pra mim.
Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue. Os sentimentos são sempre uma surpresa.
Quem eu sou, você só vai perceber quando olhar nos meus olhos, ou melhor, além deles.
Na hora do acontecimento não aproveito nada. E depois vem uma ilógica saudade.
Devo dizer que ela era doida por soldado? Poi era. Quando via um, pensava com estremecimento de prazer: será que ele vai me matar?
Vou dormir porque não estou suportando este meu mundo de hoje, cheio de coisas inúteis.
A incomunicabilidade de si para si mesmo é o grande vórtice do nada. Se eu não acho um modo de falar a mim mesmo a palavra me sufoca a garganta atravessando-a como uma pedra não deglutida. Eu quero ter acesso a mim mesmo na hora em que eu quiser como quem abre as portas e entra. Não quero ser vítima do acaso libertador.
-Obviamente o que não presta sempre me interessou muito.