Sábios, cheios de que sabedoria? Roídos por ela. Não sabem nada.
Frases de Casimiro de Brito
65 resultadosAs verdades são amargas e bebem-se gota a gota. Mas a mentira, que nos lisonjeia como se fôssemos o sal da terra, engolimo-la às golfadas.
O poder dos outros não nos oprime mais do que o exercício do poder próprio. Falsos poderes.
Se os outros me abandonam é porque devo estar a aproximar-me do essencial.
Cessa o desejo quando o muro se abre? Tanta imaturidade.
O peso do pensamento (uma teia de mitos) só o sentes quando ele nomeia a terra frágil do sofrimento. Um corpo que seja também o teu corpo.
Raramente leio jornais. O que dizem ter acontecido ontem já aconteceu há muito tempo.
Triunfo? Coisa que não há – sequer o triunfo da morte – neste mundo em que tudo flui.
Amar-te é aceitar que já não és a mesma, que todos os dias te afastas por caminhos que não conheço mas que não acabas nunca.
Ideia clara, ideia morta.
Bela, a forma do vaso. Mas é no seu vazio que se conserva o vinho.
Ainda que a verdade estivesse sentada não deixaria de ser flutuação.
Apenas a consciência da mortalidade pode conduzir à convivência da imortalidade, à aceitação desprendida do trânsito da matéria.
A dignidade com que morrem os animais: não têm nada para deixar.
Um homem cai, desfigura-se, perde o peso e a glória. Mas levanta-se depois de cada queda e talvez já nem seja um homem, talvez seja essa a sua verdadeira ascese.
Poderei acaso consentir que as coisas – ou o desejo que tenha delas – me afastem de mim?
Não são propriamente os homens que me horrorizam mas as suas obras, as suas máscaras. Salvam-se Buda, Basho, Bach e poucos mais.
O que se odeia não é um objecto mas o seu envelhecimento. Quando não se aprendeu a ler o objecto novo que nele se instala.
Ambição suprema: aprender a aprender.
Em cada homem um deus escondido, uma forma perfeita que se esconde – que se perdeu – numa aldeia de demónios.