Frases sobre Gente de António Lobo Antunes

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Frases de gente de António Lobo Antunes. As mais belas frases e mensagens de António Lobo Antunes para ler e compartilhar.

Realmente, toda a nossa vida é uma luta e uma fuga constante à depressão e ao receio da morte, não é? E ao mecanismo que nós arranjamos para nos defendermos disso. Se a gente esgravata um bocadinho em nós próprios ou nos outros, é aquilo que acaba por encontrar, o enorme receio da solidão, do abandono (que é aquilo que as pessoas suportam pior) e da morte.

Neuroses e psicoses, temos todos. Quando a gente fala em esquizofrenia, temos todos. Somos todos psicóticos. O Freud chamou a atenção para isso, e actualmente está assente que não há ninguém que não seja neurótico e psicótico. Em todos nós existem esses núcleos.

Há uma parte subterrânea nas obras de arte impossível de explicar. Como no amor. Esse mistério é, talvez seja, a própria essência do acto criador. A gente não sabe…

Não há sentimentos puros, nem na amizade nem no amor; e o amor vem sempre misturado com outras coisas, o ódio e a inveja e a gente quase quer mal à outra pessoa por gostar dela.

Isto às vezes é tremendo porque a gente quer exprimir sentimentos em relação a pessoas e as palavras são gastas e poucas. E depois aquilo que a gente sente é tão mais forte que as palavras…

Toda a invenção é memória. (…) Quem nos arranja os materiais é a memória. As tais coisas de que a gente não fala e aparecem nos livros, de maneiras desviadas.

É terrível uma pessoa sentir-se o centro do Mundo, mesmo para si própria. Dá um alívio bestial – a gente vê isso nas análises – quando um gajo descobre que deixa de ser o centro do Mundo e que as outras pessoas são iguais a ela, que ela deixa de ser realmente o centro, o sol, a coisa mais importante.

É verdade que não pode haver alegria sem tristeza, prazer sem dor. É só quando dói um dente que avaliamos o prazer de nos sentirmos bem, não é? Se a gente não compreende essa antinomia, acaba por haver uma cristalização burocrática das emoções e dos sentimentos.

Para mim, ser-me-ia impossível viver fora de Lisboa. Falta-me a língua, falta-me este meu povo, feio, pequenino, com mau gosto, malcriado, não sei quê, mas do qual tenho umas saudades loucas quando estou no meio de gente limpa.