Frases sobre Livros de António Lobo Antunes

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Frases de livros de António Lobo Antunes. As mais belas frases e mensagens de António Lobo Antunes para ler e compartilhar.

Não tenho pensamentos abstractos quando estou a escrever. Estou tão preocupado a fazer o livro que nem sequer me pergunto o que é que isto quer dizer, nem sequer pergunto o que estou a escrever. Às vezes nem sequer sabemos se estamos a acertar no papel. Só quando se começa a trabalhar é que se vê se acertámos ou não.

Quando lês um livro de uma pessoa que conheces, o livro fica diferente. Quando leste vários livros de um escritor que não conheces e depois conhece-lo, sejas ou não amigo dele, o livro fica diferente.

O livro é um organismo que vive independente e surpreende-nos a cada passo. Um livro não se faz com ideias, faz-se com palavras. São as palavras que se geram umas às outras. E com trabalho.

Como leitor, o que eu gosto é de ler e dizer, bolas, é exactamente isto que eu sinto e não era capaz de exprimir. Quando um livro me ensina a explicitar emoções que eu sinto, esse é um livro bom.

Teria dificuldade em viver com uma mulher que escrevesse. Eu nunca seria o mais importante na vida dela, viria sempre depois dos livros.

Qualquer entrevista é muito inferior a um livro. O livro permite corrigir-se. A entrevista necessariamente está cheia de lugares comuns.

Um livro tem de ser suficientemente poroso para o leitor poder escrever o seu próprio livro dentro dele. É nesse sentido que um livro muito compacto é, forçosamente, um livro mau.

Antes da «Memória de Elefante» escrevi muitos livros, tive foi o bom senso de os deixar na gaveta. É um livro de principiante. O primeiro de que não me envergonho é a «Explicação dos Pássaros».

Sinto uma consideração quase nula pelo que, em Portugal, se publica. Desgosta-me a infinidade de romances desonestos, entendendo por desonestidade não a falta de valor intrínseco óbvio (isso existe em toda a parte) mas a rede de lucro rápido através da banalização da vida. Livros reles de autores reles.

O ser humano não é assim tão vário; tão vário como se pretende. Nota que os livros são sempre os mesmos, infelizmente. Pintores, cineastas, músicos, escritores, poetas tratam sempre os mesmos assuntos, tentam analisar, sempre, as mesmas obsessões.

Toda a invenção é memória. (…) Quem nos arranja os materiais é a memória. As tais coisas de que a gente não fala e aparecem nos livros, de maneiras desviadas.

Escrevo com dificuldade, sou muito lento, o que parece paradoxal em relação ao número de livros que já publiquei. Mas, se não escrevo, é como se me vestisse sem tomar banho. Um grande desconforto interior.

Tenho uma certa desconfiança em relação à palavra pensar. Quando se está a escrever, podemos pensar enquanto indivíduo. mas enquanto escritor… Sempre me fez confusão as pessoas que dizem: «tenho um livro na cabeça só me falta escrever».

Nós não inventamos nada. Quando estamos a fazer um livro estamos a falar de nós mesmos. É você que está no livro, através daquelas vozes. Ou melhor, é apenas uma voz.

As razões por que se gosta dos livros são muito variáveis. De uns gosta-se deles em si, de outros gosta-se por razões mais afectivas, de outros ainda pela forma como foram recebidos pelas pessoas. Embora de uma forma diferente, acaba-se por gostar de todos, senão não os publicávamos.

Os livros que eu escrevo estão cheios de contradições que respondem às minhas contradições e às contradições que existem em todos nós, às forças contrárias que constantemente nos empurram em direcção a pólos opostos…

Aprende-se a escrever, lendo. E também é necessária uma grande humildade face ao material da escrita. É a mão que escreve. A nossa mão é mais inteligente do que nós. Não é o autor que tem de ser inteligente, é a obra. O autor não escreve tão bem quanto os livros.