O meu problema mais importante foi destruir as linhas de demarcação que separam o que é real daquilo que parece fantástico.
Passagens de Gabriel García Márquez
189 resultadosO que acontece é que não aguentamos o peso da consciência.
CHOVEU durante quatro anos, onze meses e dois dias.
A moralidade, também, é uma questão de tempo.
Andava à deriva, sem afetos, sem ambições, como uma estrela errante no sistema planetário de Úrsula. ( Cem Anos de Solidão)
Não se é de parte nenhuma enquanto não se tem um morto debaixo da terra.
Em que e em quem acreditar? Como descartar a parcialidade das versões e o espelho quebrado da memória dos envolvidos.
A vida não é a que a gente viveu e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la.
Não tornara a sentir uma felicidade como a dessa noite: tão intensa que lhe causava medo.
Nenhum medicamento cura o que a felcidade não pode.
Aquele que espera muito pode esperar pouco.
Quando uma mulher decide dormir com um homem, não há parede que ela não escale, nenhum fortaleza que não destrua, nenhuma consideração moral que não ignore até à sua raiz: não existe nenhum Deus que valha a preocupação.
Eu não tenho um método. Tudo o que eu faço é ler muito, pensar muito, e reescrever constantemente. Não é uma coisa científica.
Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estiver triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar por teu sorriso.
Enquanto isso, Melquíades acabou de plasmar nas suas placas tudo o que era plasmável em Macondo e abandonou o laboratório de daguerreotipia aos delírios de José Arcadio Buendía, que tinha resolvido utilizá-lo para obter a prova científica da existência de Deus.
O sujeito se amola tanto, murmurava o Coronel Aureliano Buendía. O sujeito se amola tanto para depois ser morto por seis maricas sem poder fazer nada.
O Vício de Ler
O vício de ler tudo o que me caísse nas mãos ocupava o meu tempo livre e quase todo o das aulas. Podia recitar poemas completos do repertório popular que nessa altura eram de uso corrente na Colômbia, e os mais belos do Século de Ouro e do romantismo espanhóis, muitos deles aprendidos nos próprios textos do colégio. Estes conhecimentos extemporâneos na minha idade exasperavam os professores, pois cada vez que me faziam na aula qualquer pergunta difícil, respondia-lhes com uma citação literária ou com alguma ideia livresca que eles não estavam em condições de avaliar. O padre Mejia disse: «É um garoto afectado», para não dizer insuportável. Nunca tive que forçar a memória, pois os poemas e alguns trechos de boa prosa clássica ficavam-me gravados em três ou quatro releituras. Ganhei do padre prefeito a primeira caneta de tinta permanente que tive porque lhe recitei sem erros as cinquenta e sete décimas de «A vertigem», de Gaspar Núnez de Arce.
Lia nas aulas, com o livro aberto em cima dos joelhos e com tal descaramento que a minha impunidade só parecia possível devido à cumplicidade dos professores. A única coisa que não consegui com as minhas astúcias bem rimadas foi que me perdoassem a missa diária às sete da manhã.
Aureliano Segundo só pensava então em encontrar um ofício que lhe permitisse sustentar uma casa para Petra Cotes, e morrer com ela, sobre ela e debaixo dela, numa noite de exaltação febril.
Coisa bem diferente teria sido a vida para ambos se tivessem sabido a tempo que era mais fácil contornar as grandes catástrofes matrimoniais do que as misérias minúsculas de cada dia.
O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança.