Passagens sobre Infantes

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Conta a Lenda que Dormia

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem sĂł despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, jĂĄ libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que Ă  Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela Ă© ignorado.
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino —
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
A cabeça, em maresia,
Ergue a mĂŁo, e encontra hera,
E vĂȘ que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

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O Meu Cachimbo

Ó meu cachimbo! Amo-te immenso!
Tu, meu thuribudo sagrado!
Com que, bom Abbade, incenso
A Abbadia do meu passado.

Fumo? E occorre-me å lembrança
Todo esse tempo que lĂĄ vae,
Quando fumava, ainda criança,
Ás escondidas do meu Pae.

Vejo passar a minha vida,
Como n’um grande cosmorama:
Homem feito, pallida Ermida,
Infante, pela mĂŁo da ama…

Por alta noite, ĂĄs horas mortas,
Quando nĂŁo se ouve pio, ou voz,
Fecho os meus livros, fecho as portas
Para fallar comtigo a sĂłs.

E a noite perde-se em cavaco,
Na Torre d’Anto, aonde eu moro!
Alli, mettido no buraco,
Fumo e, a fumar, ĂĄs vezes… choro.

Chorando (penso e nĂŁo o digo)
Os olhos fitos neste chĂŁo,
Que tu Ă©s leal, Ă©s meu amigo…
Os meus amigos onde estĂŁo?

NĂŁo sei. Tral-os-ĂĄ o «nevoeiro»…
Os trez, os intimos, Aquelles,
EstĂŁo na Morte, no extrangeiro…
Dos mais nĂŁo sei, perdi-me d’elles.

Morreram-me uns. Por elles peço
A Deus, quando estå de maré:
E, ĂĄs noites,

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Alma SolitĂĄria

Ó alma doce e triste e palpitante!
Que cítaras soluçam solitårias
Pelas RegiÔes longínquas, visionårias
Do teu Sonho secreto e fascinante!

Quantas zonas de luz purificante,
Quantos silĂȘncios, quantas sombras vĂĄrias
De esferas imortais imaginĂĄrias
Falam contigo, Ăł Alma cativante!

Que chama acende os teus farĂłis noturnos
E veste os teus mistériosa taciturnos
Dos esplendores do arco de aliança?

Por que Ă©s assim, melancolicamente,
Como um arcanjo infante, adolescente,
Esquecido nos vales da Esperança?!

O PĂąntano

Podem vĂȘ-lo, sem dor, meus semelhantes!
Mas, para mim que a Natureza escuto,
Este pĂąntano Ă© o tĂșmulo absoluto,
De todas as grandezas começantes!

Larvas desconhecidas de gigantes
Sobre o seu leito de peçonha e luto
Dormem tranqĂŒilamente o sono bruto
Dos superorganismos ainda infantes!

Em sua estagnação arde uma raça,
Tragicamente, Ă  espera de quem passa
Para abrir-lhe, Ă s escĂąncaras, a porta…

E eu sinto a angĂșstia dessa raça ardente
Condenada a esperar perpetuamente
No universo esmagado da ĂĄgua morta!

LĂșcia

(Alfred de Musset)

NĂłs estĂĄvamos sĂłs; era de noite;
Ela curvara a fronte, e a mĂŁo formosa,
Na embriaguez da cisma,
TĂȘnue deixava errar sobre o teclado;
Era um murmĂșrio; parecia a nota
De aura longĂ­nqua a resvalar nas balsas
E temendo acordar a ave no bosque;
Em torno respiravam as boninas
Das noites belas as volĂșpias mornas;
Do parque os castanheiros e os carvalhos
Brando embalavam orvalhados ramos;
OuvĂ­amos a noite, entre-fechada,
A rasgada janela
Deixava entrar da primavera os bĂĄlsamos;
A vĂĄrzea estava erma e o vento mudo;
Na embriaguez da cisma a sĂłs estĂĄvamos
E tĂ­nhamos quinze anos!

LĂșcia era loura e pĂĄlida;
Nunca o mais puro azul de um céu profundo
Em olhos mais suaves refletiu-se.
Eu me perdia na beleza dela,
E aquele amor com que eu a amava – e tanto ! –
Era assim de um irmĂŁo o afeto casto,
Tanto pudor nessa criatura havia!

Nem um som despertava em nossos lĂĄbios;
Ela deixou as suas mĂŁos nas minhas;
TĂ­bia sombra dormia-lhe na fronte,

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