Os bons conselhos desagradam aos apaixonados como os remédios aos que estão doentes.
Passagens de Mariano José Pereira da Fonseca
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A ambição é um enredo que nos enreda por toda a vida.
Não é livre quem não tem inteligência suficiente para adquirir ou defender a liberdade.
O hóspede acanhado é um dobrado incómodo para quem o hospeda.
Não se pode formar bom conceito de quem não tem boa opinião de pessoa alguma.
A falsa ciência não aumenta o nosso saber, agrava a nossa ignorância.
A ambição sujeita os homens a maior servilismo do que a fome e a pobreza.
Não desespereis na desgraça, ela é frequentes vezes uma transição necessária para a boa fortuna.
O amor na mocidade é ocupação, na velhice distracção ou alienação.
A constância nas nossas opiniões seria geralmente embaraço e oposição ao progresso e melhoramento da nossa inteligência.
A verdade é tão simples que não deleita: são os erros e ficções que pela sua variedade nos encantam.
Afetamos desprezar os bens que não podemos conseguir.
O silêncio, ainda que mudo, é frequentes vezes tão venal como a palavra.
O coração enlutado eclipsa o entendimento e a razão.
A morte anula sempre mais planos e projectos do que a vida executa.
O velho crê-se feliz em não sofrer, o moço infeliz em não gozar.
Quando a consciência nos acusa, o interesse ordinariamente nos defende.
Os benefícios conferidos levam sempre o ónus da gratidão e reconhecimento.
Ignorância e pobreza vêm de graça, não custam trabalho nem despesa.
Não invejemos os que sobem muito acima de nós: a sua queda será muito mais dolorosa do que a nossa.