Há colcha mais dura que a lousa da sepultura?
Passagens de MillĂ´r Fernandes
318 resultadosJogo chinĂŞs que aumenta a capacidade de jogar xadrez.
VocĂŞ pode evitar descendentes. Mas nĂŁo há nenhuma pĂlula para evitar certos antepassados.
Diplomata Ă© um indivĂduo cuja cor predileta Ă© o arco-Ăris.
Todo o casamento sem amor resulta em amor sem casamento.
O optimista nĂŁo sabe o que espera.
Eu sofro de mimfobia. Tenho medo de mim mesmo. Mas me enfrento todo dia.
OlhaĂ, se querem que eu seja patriota melhorem essa pátria.
O último refúgio do oprimido é a ironia, e nenhum tirano, por mais violento que seja, escapa a ela. O tirano pode evitar uma fotografia, não pode impedir uma caricatura. A mordaça aumenta a mordacidade.
Um homem é adulto quando começa a gastar mais do que ganha.
Quando um chato diz: Eu vou embora, que presença de espĂrito.
Vocês não sabem como é divertido o absoluto ceticismo. Pode-se brincar com a hipocrisia alheia como quem brinca com a roleta russa com a certeza de que a arma está descarregada.
Esnobar É exigir café fervendo E deixar esfriar.
O gourmet Ă© o comilĂŁo erudito.
O pior casamento é o que dá certo.
A histĂłria do Brasil foi escrita pelos portugueses. DaĂ o sotaque.
O Socorro
Ele foi cavando, foi cavando, cavando, pois sua profissĂŁo – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na distracção do ofĂcio que amava, percebeu que cavara de mais. Tentou sair da cova e nĂŁo conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, nĂŁo conseguiria sair. Gritou. NinguĂ©m atendeu. Gritou mais forte. NinguĂ©m veio. Enlouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silĂŞncio das horas tardas. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, nĂŁo se ouvia mais um som humano, embora o cemitĂ©rio estivesse cheio dos pipilos e coaxares naturais dos matos. SĂł pouco depois da meia-noite Ă© que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça Ă©bria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: «O que Ă© que há?»
O coveiro entĂŁo gritou, desesperado: «Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrĂvel!». «Mas coitado!» – condoeu-se o bĂŞbado. – «Tem toda razĂŁo de estar com frio.
Alguém tirou a terra toda de cima de você, meu pobre mortinho!». E, pegando na pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.
Um Quociente apaixonou-se Um dia Doidamente Por uma IncĂłgnita.
Democracia Ă© quando eu mando em vocĂŞ, ditadura Ă© quando vocĂŞ manda em mim.
Depressa meu irmĂŁo,
E sai da pista,
Que o Brasil Ă© um trem
Sem maquinista!