Canto Esponjoso
Bela
esta manhĂŁ sem carĂŞncia de mito,
E mel sorvido sem blasfémia.Bela
esta manhĂŁ ou outra possĂvel,
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.Umidade de areia adere ao pé.
Engulo o mar, que me engole.
Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul
completa
sobre formas constituĂdas.Bela
a passagem do corpo, sua fusĂŁo
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tĂŁo absoluta
que me calo, repleto.
Poemas sobre Absoluto de Carlos Drummond de Andrade
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ConfissĂŁo
É certo que me repito,
Ă© certo que me refuto
e que, decidido, hesito
no entra-e-sai de um minuto.É certo que irresoluto
entre o velho e o novo rito
atiro Ă cesta o absoluto
como inútil papelito.É tão certo que me aperto
numa tenaz de mosquito
como Ă© trinta vezes certo
que me oculto no meu grito.Certo, certo, certo, certo
que mais sinto que reflicto
as fábulas do deserto
do raciocĂnio infinito.É tudo certo e prescrito
em nebuloso estatuto.
O homem, chamar-lhe mito
nĂŁo passa de anacoluto.