Poemas sobre Amor de Guilherme de Azevedo

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Poemas de amor de Guilherme de Azevedo. Leia este e outros poemas de Guilherme de Azevedo em Poetris.

A Luz do Teu Amor

Oh! Sim que Ă©s linda! a inocĂȘncia
Em tua fronte serena
Com tal doçura reluz!…
Tanta e tanta… que a açucena
TĂŁo esplĂȘndida a existĂȘncia
NĂŁo lha doura assim Ă  luz!
Oh! que Ă©s linda, e mais… e mais
Quando um traço melancólico
Te diviso no semblante
Nos teus olhos virginais!
Que doçura não existe
Ai! Ăł virgem, nesse instante
Na poética beleza
Desse traço de tristeza
Que te vem tornar mais bela
Mal em teu rosto pousou!
E eu te quero assim, Ăł estrela,
Que se inspira em mim a crença
Triste… triste, que Ă©s mais linda,
Mas dessa beleza infinda
Das ficçÔes da renascença
Que a poesia perfumou!

Fita agora os olhos lĂąnguidos
Na estrela que te ilumina,
Eu nĂŁo sei que luz divina
De amor nos fala em teu rosto!
Eu nĂŁo sei, nem tu… ninguĂ©m!…
Que a vaga luz do sol posto,
Que a palidez da cecém,
Que a meiguice dos amores,
E que o perfume das flores
NĂŁo respiram a harmonia
Desse toque leve…

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Evocação

Levanta-te Romeu do tĂșmulo em que dormes
E vem sorrir de novo Ă  boa, Ă  eterna luz!
De noite, ouço dizer que hå sombras desconformes
E as noites do passado, oh, devem ser enormes
Na atonia fatal das larvas e da cruz!

Conchega gentilmente ao peito carcomido
Os restos do teu manto: — assim, que bem que estás!

Na terra hĂŁo de julgar-te um grande Aborrecido
Que busca desdenhoso o centro do ruĂ­do
Nas horas vis do tedio e das insonias mĂĄs.

O mundo transformou-se; aquele fundo abismo
Do antigo amor fatal, fechou-se d’uma vez,
E tu filho gentil do velho romantismo,
Tu vens achar dormindo o rude prozaismo
No berço onde sonhava a doce candidez!

No entanto pĂłdes crer; faz muito menos frio
Á luz do novo sol; do gaz provocador;
E o século apesar de gasto e doentio,
NĂŁo pode jĂĄ escutar o cĂąntico sombrio
Que fala de edeaes e cousas sem valor!

Em paz deixa dormir a terna Julieta
Que aos céus ainda por ti levanta as brancas mãos;
E enquanto por mim corre a tétrica ampulheta,

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À Musa

À luz das noites serenas
A capela de açucenas
Te envolve em lĂșcido vĂ©u!
Ao meigo clarĂŁo da lua
És a imagem que flutua
No puro ambiente do céu!

E os ternos suspiros soltos,
E os teus cabelos revoltos
Ao sabor da viração,
Perpassam brandos na mente
Como as brisas do poente
Na cratera do vulcĂŁo!

Ó santa imagem querida,
Como Ă©s bela adormecida!
Que mistério em teu palor!
Que doçura no teu canto,
E que perfume tĂŁo santo
Nas tuas cismas d’amor!

Deixa cair uma rosa
Da tua fronte mimosa,
Da vida no turvo mar!
Descerra-me o paraĂ­so
Que no teu fugaz sorriso
Nos faz viver e sonhar!