Poemas sobre Areia

83 resultados
Poemas de areia escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Poema da malta das naus

Lancei ao mar um madeiro,
espetei-lhe um pau e um lençol.
Com palpite marinheiro
medi a altura do Sol.

Deu-me o vento de feição,
levou-me ao cabo do mundo.
pelote de vagabundo,
rebotalho de gibĂŁo.

Dormi no dorso das vagas,
pasmei na orla das prais
arreneguei, roguei pragas,
mordi peloiros e zagaias.

Chamusquei o pĂŞlo hirsuto,
tive o corpo em chagas vivas,
estalaram-me a gengivas,
apodreci de escorbuto.

Com a mĂŁo esquerda benzi-me,
com a direita esganei.
Mil vezes no chĂŁo, bati-me,
outras mil me levantei.

Meu riso de dentes podres
ecoou nas sete partidas.
Fundei cidades e vidas,
rompi as arcas e os odres.

Tremi no escuro da selva,
alambique de suores.
Estendi na areia e na relva
mulheres de todas as cores.

Moldei as chaves do mundo
a que outros chamaram seu,
mas quem mergulhou no fundo
do sonho, esse, fui eu.

O meu sabor Ă© diferente.
Provo-me e saibo-me a sal.
NĂŁo se nasce impunemente
nas praias de Portugal.

Continue lendo…

Tinha de Fachos Mil a Noite Ornado

1

Tinha de fachos mil a noite ornado
A argentada Princesa:
De amor, graça e beleza
O campo etéreo Vénus povoado.

2

A Terra, com perfume precioso
Em torno recendia;
E plácido dormia
Sobre a dourada areia o pego undoso;

3

Quando veio roubar a formosura
De tudo o que Ă© criado,
Márcia, fiel traslado
Da beleza do CĂ©u, sublime e pura;

4

Com LĂ­rios, que estendeu, vestiu ufana
A forma divinal;
Em aceso coral
Tingiu, sorrindo, a boca soberana,

5

As madeixas tomou das veias de ouro,
Nos olhos pĂ´s safiras,
Que das setas, que atiras,
SĂŁo, fero Amor, o mais caudal tesouro.

6

Todos seus dons lhe pĂ´s o CĂ©u no peito;
Como orna o RĂ©gio Sposo,
C’o enfeite mais custoso,
A Princesa, a quem rende a alma, sujeito.

7

Eu vi afadigados os Amores,
E as Graças, que cantavam
Enquanto se moldavam
Seus graciosos gestos vencedores.

8

Das Sereias o canto deleitoso
Lhe nasceu sem estudo;

Continue lendo…

Eu e Tu

Dois! Eu e Tu, num ser indispensável! Como
Brasa e carvĂŁo, centelha e lume, oceano e areia,
Aspiram a formar um todo, — em cada assomo
A nossa aspiração mais violenta se ateia…

Como a onda e o vento, a Lua e a noite, o orvalho
[e a selva
— O vento erguendo a vaga, o luar doirando a
[noite,
Ou o orvalho inundando as verduras da relva —
Cheio de ti, meu ser de eflĂşvios impregnou-te!

Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,
O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,
O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,
— Nós dois, de amor enchendo a noite do degredo,

Como partes dum todo, em amplexos supremos
Fundindo os corações no ardor que nos inflama,
Para sempre um ao outro, Eu e Tu, pertencemos,
Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama…

Os Vencidos

Tres cavaleiros seguem lentamente
Por uma estrada erma e pedregosa.
Geme o vento na selva rumorosa,
Cae a noite do céo, pesadamente.

Vacilam-lhes nas mĂŁos as armas rotas,
TĂŞm os corceis poentos e abatidos,
Em desalinho trazem os vestidos,
Das feridas lhe cae o sangue, em gotas.

A derrota, traiçoeira e pavorosa,
As fontes lhes curvou, com mĂŁo potente.
No horisonte escuro do poente
Destaca-se uma mancha sanguinosa.

E o primeiro dos três, erguendo os braços,
Diz n’um soluço: «Amei e fui amado!
Levou-me uma visĂŁo, arrebatado,
Como em carro de luz, pelos espaços!

Com largo vĂ´o, penetrei na esphera
Onde vivem as almas que se adoram,
Livre, contente e bom, como os que moram
Entre os astros, na eterna primavera.

Porque irrompe no azul do puro amor
O sopro do desejo pestilente?
Ai do que um dia recebeu de frente
O seu halito rude e queimador!

A flor rubra e olorosa da paixĂŁo
Abre languida ao raio matutino,
Mas seu profundo calix purpurino
Só reçuma veneno e podridão.

Continue lendo…

MĂŁe!

Mãe! a oleografia está a entornar o amarelo do Deserto por cima da
minha vida. O amarelo do Deserto Ă© mais comprido do que um dia todo!
Mãe! eu queria ser o árabe! Eu queria raptar a menina loira!
Eu queria saber raptar.
Dá-me um cavalo, mãe! Até a palmeira verde está esmeralda! E o anel?!

A minha cabeça amolece ao sol sobre a areia movediça do Deserto!
A minha cabeça está mole como a minha almofada!

Há uns sinais dentro da minha cabeça, como os sinais do Egípcio,
como os sinais do Fenício. Os sinais destes já têm antecedentes e eu
ainda vou para a vida.

Não há muros para que haja estrada! Não há muros para pôr cartazes!
Não está a mão de tinta preta a apontar — por aqui!
Só há sombras do sol nas laranjeiras da outra margem, e todas as noites
o sono chega roubado!

MĂŁe! As estrelas estĂŁo a mentir. Luzem quando mentem. Mentem
quando luzem. EstĂŁo a luzir, ou mentem?
Já ia a cuspir para o céu!

MĂŁe! a minha estrela Ă© doida!

Continue lendo…

Em Louvor da Miniblusa

Hoje vai a antiga musa
celebrar a nova blusa
que de Norte a Sul se usa
como graça de verão.
Graça que mostra o que esconde
a blusa comum, mas onde
um velho da era do bonde
encontrará mais mensagem
do que na bossa estival
da rola que ao natural
mostra seu colo fatal,
ou quase, pois tanto faz,
se a anatomia me ensina
a tocar a concertina
em busca ao mapa da mina
que ora muda de lugar?
Já nem sei mais o que digo
ao divisar certo umbigo:
penso em flor, cereja, figo,
penso em deixar de pensar,
e em louvar o costureiro
ou costureira — joalheiro
que expõe a qualquer soleiro
esse profundo diamante
exclusivo antes das praias
(Copas, Leblons, Marambaias
e suas areias gaias).
Salve, moda, salve, sol
de sal, de alegre inventiva,
que traz à matéria viva
a prova figurativa!
Pode a indústria de fiação
carpir-se do pouco pano
que o figurino magano
reduz a zero, cada ano.
Que importa?

Continue lendo…

Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
— depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mĂŁos ainda estĂŁo molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…

PaixĂŁo

— Quanto dura uma paixão?

Uma paixĂŁo nĂŁo dura nada, apenas
a eternidade simples de um sorriso
que, por ser belo, e possuir antenas
capta constantemente o paraĂ­so.

Uma paixĂŁo Ă© sempre um peixe grande,
uma alegria que se torna amarga
quando se perde a noite e, na manhĂŁ
de sol, se perde o anzol na linha larga.

Nem adianta, aĂ­, mudar de isca,
cevar o poço e procurar no fundo:
o peixe da paixĂŁo Ă© sombra arisca
na melhor pescaria deste mundo.

Ela nĂŁo dura muito e, por ser peixe,
não dura na emoção, não dura nada:
se se perde no fundo, Ă© sempre um feixe
de luz
— alguma escama nacarada,
caco de vidro, areia no sol quente
que cintila e se apaga, de repente.

SĂł Esta Liberdade nos Concedem os Deuses

SĂł esta liberdade nos concedem
Os deuses: submetermo-nos
Ao seu domĂ­nio por vontade nossa.
Mais vale assim fazermos
Porque sĂł na ilusĂŁo da liberdade
A liberdade existe.

Nem outro jeito os deuses, sobre quem
O eterno fado pesa,
Usam para seu calmo e possuĂ­do
Convencimento antigo
De que Ă© divina e livre a sua vida.

NĂłs, imitando os deuses,
TĂŁo pouco livres como eles no Olimpo,
Como quem pela areia
Ergue castelos para encher os olhos,
Ergamos nossa vida
E os deuses saberĂŁo agradecer-nos
O sermos tĂŁo como eles.

Uma Cidade

Uma cidade pode ser
apenas um rio, uma torre, uma rua
com varandas de sal e gerânios
de espuma. Pode
ser um cacho
de uvas numa garrafa, uma bandeira
azul e branca, um cavalo
de crinas de algodĂŁo, esporas
de água e flancos
de granito.
Uma cidade
pode ser o nome
dum paĂ­s, dum cais, um porto, um barco
de andorinhas e gaivotas
ancoradas
na areia. E pode
ser
um arco-Ă­ris Ă  janela, um manjerico
de sol, um beijo
de magnĂłlias
ao crepĂşsculo, um balĂŁo
aceso

numa noite
de junho.

Uma cidade pode ser
um coração,
um punho.

Saudades Trágico-Marítimas

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.
Na praia, de bruços,
fico sonhando, fico-me escutando
o que em mim sonha e lembra e chora alguém;
e oiço nesta alma minha
um longĂ­nquo rumor de ladainha,
e soluços,
de alĂ©m…

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

SĂŁo meus AvĂłs rezando,
que andaram navegando e que se foram,
olhando todos os céus;
sĂŁo eles que em mim choram
seu fundo e longo adeus,
e rezam na ânsia crua dos naufrágios;
choram de longe em mim, e eu oiço-os bem,
choram ao longe em mim sinas, presságios,
de alĂ©m, de alĂ©m…

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Naufraguei cem vezes já…
Uma, foi na nau S. Bento,
e vi morrer, no trágico tormento,
Dona Leonor de Sá:
vi-a nua, na praia áspera e feia,
com os olhos implorando
– olhos de esposa e mĂŁe –
e vi-a, seus cabelos desatando,
cavar a sua cova e enterrar-se na areia.
– E sozinho me fui pela praia alĂ©m…

Continue lendo…

IdĂ­lio

Praias, que banha o Tejo caudaloso:
Ondas, que sĂ´bre a areia estais quebrando:
Ninfas, que ides escumas levantando:
Escutai os suspiros dum saĂĽdoso.

E vós também, ó côncavos rochedos,
Que dos ventos em vĂŁo sois combatidos,
Ouvi o triste som de meus gemidos,
já que de Amor calais tantos segredos.

Ai, amada Tircéa, se eu pudera
os teus formosos olhos ver agora,
Que depressa o pesar, que esta alma chora,
No gĂ´sto mais feliz se convertera!

Oh, como entĂŁo ficaras conhecendo
Quanto te amo, se visses a violĂŞncia
Com que estĂŁo de meus olhos nesta ausĂŞncia
Estas saüdosas lágrimas correndo!

Tanto neste pesar, que estou sentindo,
O triste coração se desfalece,
e tanto me atormenta, que parece
Que ao sofrimento a alma vai fugindo.

Mas oh, qual há de ser a crueldade
Deste terrĂ­vel mal, em que ando envolto,
Se a qualquer parte, emfim, que os olhos volto,
Imagens estou vendo de saudade.

Carta a Ă‚ngela

Para ti, meu amor, Ă© cada sonho
de todas as palavras que escrever,
cada imagem de luz e de futuro,
cada dia dos dias que viver.

Os abismos das coisas, quem os nega,
se em nĂłs abertos inda em nĂłs persistem?
Quantas vezes os versos que te dou
na água dos teus olhos é que existem!

Quantas vezes chorando te alcancei
e em lágrimas de sombra nos perdemos!
As mesmas que contigo regressei
ao ritmo da vida que escolhemos!

Mais humana da terra dos caminhos
e mais certa, dos erros cometidos,
foste de novo, e sempre, a mão da esperança
nos meus versos errantes e perdidos.

Transpondo os versos vieste Ă  minha vida
e um rio abriu-se onde era areia e dor.
Porque chegaste Ă  hora prometida
aqui te deixo tudo, meu amor!

MemĂłria

Tudo que sou, no imaginado
silĂŞncio hostil que me rodeia,
é o epitáfio de um pecado
que foi gravado sobre a areia.

O mar levou toda a lembrança.
Agora sei que me detesto:
da minha vida de criança
guardo o prelĂşdio dum incesto.

O resto foi o que eu nĂŁo quis:
perseguição, procura, enlace,
desse retrato feito a giz
pra que nĂŁo mais eu me encontrasse.

Tu foste a noiva que nĂŁo veio,
irmĂŁ somente prometida!
— O resto foi a quebra desse enleio.
O resto foi amor, na minha vida.

Flores Velhas

Fui ontem visitar o jardinzinho agreste,
Aonde tanta vez a lua nos beijou,
E em tudo vi sorrir o amor que tu me deste,
Soberba como um sol, serena como um vĂ´o.

Em tudo cintilava o lĂ­mpido poema
Com Ăłsculos rimado Ă s luzes dos planetas:
A abelha inda zumbia em torno da alfazema;
E ondulava o matiz das leves borboletas.

Em tudo eu pude ver ainda a tua imagem,
A imagem que inspirava os castos madrigais;
E as vibrações, o rio, os astros, a paisagem,
Traziam-me Ă  memĂłria idĂ­lios imortais.

E nosso bom romance escrito num desterro,
Com beijos sem ruĂ­do em noites sem luar,
Fizeram-mo reler, mais tristes que um enterro,
Os goivos, a baunilha e as rosas-de-toucar.

Mas tu agora nunca, ah! Nunca mais te sentas
Nos bancos de tijolo em musgo atapetados,
E eu nĂŁo te beijarei, Ă s horas sonolentas,
Os dedos de marfim, polidos e delgados…

Eu, por nĂŁo ter sabido amar os movimentos
Da estrofe mais ideal das harmonias mudas,
Eu sinto as decepções e os grandes desalentos
E tenho um riso meu como o sorrir de Judas.

Continue lendo…

Lua Cheia

Duas gotas de sangue nas dunas,
duas rosas rubras na areia.
Se foi prazer ou suplĂ­cio,
sabe o amor e a lua cheia.

Foi de amor esse gemido?
Ou foi de gozo esse grito?
Sabem tudo e nada dizem
as estrelas no infinito.

As Ventoinhas

A mulher Ă© um catavento,
Vai ao vento,
Vai ao vento que soprar;
Como vai também ao vento
Turbulento,
Turbulento e incerto o mar.

Sopra o sul: a ventoinha
Volta azinha,
Volta azinha para o sul;
Vem taful; a cabecinha
Volta azinha,
Volta azinha ao meu taful.

Quem lhe puser confiança,
De esperança,
De esperança mal está;
Nem desta sorte a esperança
Confiança,
Confiança nos dará.

Valera o mesmo na areia
Rija ameia,
Rija ameia construir;
Chega o mar a vai a ameia
Com a areia,
Com a areia confundir.

Ouço dizer de umas fadas
Que abraçadas,
Que abraçadas como irmãs
Caçam almas descuidadas…
Ah que fadas!
Ah que fadas tĂŁo vilĂŁs!

Pois, como essas das baladas,
Umas fadas,
Umas fadas dentre nĂłs,
Caçam, como nas baladas;
E sĂŁo fadas,
E sĂŁo fadas de alma e voz.

É que — como o catavento,
VĂŁo ao vento,
VĂŁo ao vento que lhes der;
Cedem trĂŞs coisas ao vento:
Catavento,

Continue lendo…

Desastre

Ele ia numa maca, em ânsias, contrafeito,
Soltando fundos ais e trĂŞmulos queixumes;
CaĂ­ra dum andaime e dera com o peito,
Pesada e secamente, em cima duns tapumes.

A brisa que balouça as árvores das praças,
Como uma mĂŁe erguia ao leito os cortinados,
E dentro eu divisei o ungido das desgraças,
Trazendo em sangue negro os membros ensopados.

Um preto, que sustinha o peso dum varal,
Chorava ao murmurar-lhe: “Homem nĂŁo desfaleça!”
E um lenço esfarrapado em volta da cabeça,
Talvez lhe aumentasse a febre cerebral.

***
Findara honrosamente. As lutas, afinal,
Deixavam repousar essa criança escrava,
E a gente da provĂ­ncia, atĂ´nita, exclamava:
“Que providĂŞncias! Deus! Lá vai para o hospital!”

Por onde o morto passa há grupos, murmurinhos;
Mornas essĂŞncias vĂŞm duma perfumaria,
E cheira a peixe frito um armazém de vinhos,
Numa travessa escura em que nĂŁo entra o dia!

Um fidalgote brada e duas prostitutas:
“Que espantos! Um rapaz servente de pedreiro!”
Bisonhos, devagar, passeiam uns recrutas
E conta-se o que foi na loja dum barbeiro.

Continue lendo…

O Tempo Seca o Amor

O tempo seca a beleza,
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.

O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.

O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestĂ­gio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.

Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
nĂŁo na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.

O PĂŁo

NĂŁo Ă© ainda um seio
mas quase. Na brancura.
Porém, onda de leite
a branca levedura.

Um mecanismo incerto
de ferro e madrugada.
A fome e o excesso
futuros. Na seara.

A fome e a carĂŞncia
de sol(o) para a boca.
NĂŁo Ă© ainda um campo
de areia. Ou terra solta.

Um campo descampado
um canto com bolor.
É arte que se move
minéria como a água.

Engenho de palato.
Alvéolo de pulmão.
Respira-se o exemplo
de sol. Oxigénio.

NĂŁo Ă© ainda um cĂ­rculo
branco por toda a mesa:
manchado na toalha
de sombra e aspereza.

NĂŁo Ă© ainda uma ave
descendo sobre a pele:
um mecanismo triste
movendo a boca breve.