Poemas sobre AusĂȘncia de Vitorino NemĂ©sio

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Poemas de ausĂȘncia de Vitorino NemĂ©sio. Leia este e outros poemas de Vitorino NemĂ©sio em Poetris.

Que Bem Sabe o Amor Constante

Até no carro te canto,
Fala a fala, seio a seio,
Espantado de um encanto
Que mais parece receio

De te perder Ă  partida
Pra te ganhar Ă  chegada,
Pois tu Ă©s a minha vida
Na ida e volta arriscada.

Vai o Godinho ao volante
Com seu ar de conde antigo
Que bem sabe o amor constante
Que me aparelha contigo.

Poupado na gasolina,
Discreto na confidĂȘncia,
Navegador Ă  bolina
Dos rumos da nossa ausĂȘncia.

Leva-me à Embaixada, ao almoço:
Travou, mas nĂŁo sei que tenho:
Um resto de ardor de moço
Contigo no meu canhenho.

Um Dia Ă© Pouco ao PĂ© de Margarida

A nossa intimidade a trĂȘs ou quatro Ă© constrangida.
Tenho medo no ùngor e uma urtiga no pé.
Um dia é pouco ao pé de Margarida:
A ausĂȘncia Ă© menos sozinha,
A muita companhia då bandos longe. Até
A vida
É
Se tua, jĂĄ menos minha:
Se prĂłpria de meu, repartida,
Por muitos na atenção, nem tua é.
SĂł nossa solidĂŁo dual e penetrada
Evita o perigo do nada
A que, por condição, setas, as nossas pernas
Apontam na cavidade inexorĂĄvel,
Fim de molécula qualquer.
Mas, entretanto, Margarida amĂĄvel
SerĂĄ flor, ou mulher?