Poemas sobre Luz de José Luís Peixoto

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Poemas de luz de José Luís Peixoto. Leia este e outros poemas de José Luís Peixoto em Poetris.

quando a ternura for a Ăşnica regra da manhĂŁ

um dia, quando a ternura for a Ăşnica regra da manhĂŁ,
acordarei entre os teus braços. a tua pele será talvez demasiado bela.
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
um dia, quando a chuva secar na memĂłria, quando o inverno for
tĂŁo distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela. sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
nem uma palavra, nem o princĂ­pio de uma palavra, para nĂŁo estragar
a perfeição da felicidade.

Amor

o teu rosto Ă  minha espera, o teu rosto
a sorrir para os meus olhos, existe um
trovão de céu sobre a montanha.

as tuas mĂŁos sĂŁo finas e claras, vĂŞs-me
sorrir, brisas incendeiam o mundo,
respiro a luz sobre as folhas da olaia.

entro nos corredores de outubro para
encontrar um abraço nos teus olhos,
este dia será sempre hoje na memória.

hoje compreendo os rios. a idade das
rochas diz-me palavras profundas,
hoje tenho o teu rosto dentro de mim.

Explicação da Eternidade

devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o Ăłdio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si sĂł, o tempo nĂŁo Ă© nada.
a idade de nada Ă© nada.
a eternidade nĂŁo existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.