Poemas sobre Morangos

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Poemas de morangos escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

O Somno de João

O João dorme… (Ó Maria,
Dize áquella cotovia
Que falle mais devagar:
Não vá o João, acordar…)

Tem só um palmo de altura
E nem meio de largura:
Para o amigo orangotango
O João seria… um morango!
Podia engulil-o um leão
Quando nasce! As pombas são
Um poucochinho maiores…
Mas os astros são menores!

O João dorme… Que regalo!
Deixal-o dormir, deixal-o!
Callae-vos, agoas do moinho!
Ó mar! falla mais baixinho…
E tu, Mãe! e tu, Maria!
Pede áquella cotovia
Que falle mais devagar:
Não vá o João, acordar…

O João dorme… Innocente!
Dorme, dorme eternamente,
Teu calmo somno profundo!
Não acordes para o mundo,
Póde affogar-te a maré:
Tu mal sabes o que isto é…

Ó Mae! canta-lhe a canção,
Os versos do teu irmão:
«Na Vida que a Dor povoa,
Ha só uma coisa boa,
Que é dormir, dormir, dormir…
Tudo vae sem se sentir.»

Deixa-o dormir, até ser
Um velhinho… até morrer!

E tu vel-o-ás crescendo
A teu lado (estou-o vendo
João!

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Morangos

No começo do amor, quando as cidades
nos eram desconhecidas, de que nos serviria
a certeza da morte se podíamos correr
de ponta a ponta a veia eléctrica da noite
e acabar na praia a comer morangos
ao amanhecer? Diziam-nos que tínhamos

a vida inteira pela frente. Mas, amigos,
como pudemos pensar que seria assim
para sempre? Ou que a música e o desejo
nos conduziriam de estação em estação
até ao pleno futuro que julgávamos

merecer? Afinal, o futuro era isto.
Não estamos mais sábios, não temos
melhores razões. Na viagem necessária
para o escuro, o amor é um passageiro
ocasional e difícil. E a partir de certa altura
todas as cidades se parecem.

Canoa do Tejo

Canoa de vela erguida
Que vens do Cais da Ribeira,
Gaivota que anda perdida
Sem encontrar companheira,
O Vento sopra nas Fragas,
O Sol parece um morango
E o Tejo baila com as vagas
A ensaiar um fandango

Estribilho:
Canoa, conheces bem,
Quando há Norte pela proa,
Quantas docas tem Lisboa
E as muralhas que ela tem!
Canoa, por onde vais,
Se algum barco te abalroa,
Nunca mais voltas ao Cais!
Nunca, nunca, nunca mais!!

Canoa de vela panda
Que vens da Boca da Barra
E trazes na aragem branda
Gemidos duma guitarra,
Teu arrais prendeu a vela;
E se adormeceu, deixá-lo!
Agora muita cautelaa
Não vá o Mar acordá-lo!