Poemas sobre Morte de Juan Ramón Jiménez

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Poemas de morte de Juan Ramón Jiménez. Leia este e outros poemas de Juan Ramón Jiménez em Poetris.

Como, Morte, Temer-te?

Como, morte, temer-te?
Não estás aqui comigo, a trabalhar?
NĂŁo te toco em meus olhos; nĂŁo me dizes
que nĂŁo sabes de nada, que Ă©s vazia,
inconsciente e pacĂ­fica? NĂŁo gozas,
comigo, tudo: glĂłria, solidĂŁo,
amor, até tuas entranhas?
Não me estás a sustentar,
morte, de pé, a vida?
NĂŁo te levo e trago, cego,
como teu guia? NĂŁo repetes
com tua boca passiva
o que quero que digas? NĂŁo suportas,
escrava, a gentileza com que te obrigo?

Tradução de José Bento

A Lembrança

1

Não te afastes, lembrança, não te afastes!
Rosto, não te desfaças, assim,
como na morte!
Continuai a olhar-me, olhos enormes, fixos,
como um instante me olhastes!
Lábios, sorri-me,
como me sorristes um instante!

2

Ai, fronte minha, aperta-te;
nĂŁo deixes que se espalhe
sua forma fora do seu vaso!
Oprime o seu sorriso e o seu olhar,
até serem a minha vida interna!

3

— Embora me esqueça de mim mesmo;
embora o meu rosto, de tanto o sentir, tome
a forma do seu rosto;
embora eu seja ela
e nela se perca a minha estrutura! —

4

Oh lembrança, sê eu!
Tu — ela — sê lembrança inteira e única, para sempre;
lembrança que me olhe e me sorria
no nada;
lembrança, vida com minha vida,
feita eterna, apagando-me, apagando-me!

Tradução de José Bento