Poemas sobre Ă“dio de Manuel Maria Barbosa du Bocage

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Amor Sem Fruto, Amor Sem Esperança

Amor sem fruto, amor sem esperança
É mais nobre, mais puro,
Que o que, domando a ríspida esquivança,
Jaz dos agrados nas prisões seguro.
Meu leal coração, constante e forte,
Vendo a teu lado acesos,
Flérida ingrata, os ódios, os desprezos,
O rigor, a tristeza, a raiva, a morte,
Forjando contra mim, por ordem tua,
Mil setas venenosas,
Em prémio destas lágrimas saudosas,
Inda assim continua
A abrasar-se em teus olhos… Vis amantes,
Corações inconstantes,
De sórdidas paixões envenenados,
VĂłs, a cujos ardores,
A cujos desbocados
Infames apetites
A Virtude, a Razão não põe limites,
Suspirai por ilĂ­citos favores,
Cevai-vos em torpĂ­ssimos desejos,
Tratai, tratai de louco um amor casto,
Que eu nos grilhões que arrasto;
TĂŁo limpos como o Sol, darei mil beijos.
Peçonhenta aliança,
Vergonhoso prazer, de vĂłs nĂŁo curo;
De ti, sim, porque Ă©s puro,
Amor sem fruto, amor sem esperança.

Sátira

Besta e mais besta! O positivo Ă© nada…
(Perdoa, se em gramática te falo,
Arte que ignoras, como ignoras tudo.)
Besta e mais besta! Na palavra embirro;
Que a besta anexa ao mais teu ser define.

Dás-me louvor servil na voz do prelo,
Grande me crĂŞs, proclamas-me famoso,
Excelso, transcendente, incomparável,
Confessas que d’Elmano a fĂşria temes…
E, débil estorninho, águias provocas,
Aves de Jove, que o corisco empunham!

És de rábula vil corrupta imagem;
Tu vendes o louvor, como ele as partes,
Mas ele na enxovia infâmias paga,
E tu, com tĂşstios, que aos caloiros pilhas,
Compras gravatas, em que a tromba enorme
Sumas ao dia, que de a ver se embrusca,
Qual em tenra mĂŁozinha esconde a face
Mimoso infante de papões vexado.
Útil descuido aos cárceres te furta,
À digna habitação de ti saudosa
(Digo, o Castelo), estância equivalente
Aos méritos morais, que em ti reluzem.

De saloios vinténs larápio sujo,
A glĂłria do teu Ăłdio restitui
A quem no teu louvor desacreditas.
Se honrada pelos sábios d’Ulisseia
(D’Ulisseia nĂŁo sĂł,

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