Mas se nĆ£o Amo, nem Posso

Mas se nĆ£o amo, nem posso,
Que pode entĆ£o isto ser?
CoraĆ§Ć£o, se jĆ” morreste,
Porque te sinto bater?
Ai, desconfio que vives
Sem tu nem eu o saber.

Porque a olho quando a vejo?
Porque a vejo sem a olhar?
Porque longe dos meus olhos
Me andam os seus a lembrar?

Porque levo tantas horas
Nela somente a pensar?
Poque tĆ­mido lhe falo,
E dantes nĆ£o era assim?
Porque mal a voz lhe escuto
NĆ£o sei o que sinto em mim?
Porque nunca um nĆ£o me acode
Em tudo que ela diz sim?

Porque estremeƧo contente
Quando ela me estende a mĆ£o,
E se aos outros faz o mesmo
Porque Ć© que nĆ£o gosto entĆ£o?
Deveras que nĆ£o me entendo,
Nem te entendo, coraĆ§Ć£o.

Ou me enganas, ou te engano;
Se isto amor nĆ£o pode ser,
NĆ£o atino, nĆ£o conheƧo
Que outro nome possa ter;
Ai, coraĆ§Ć£o, que vivemos
Sem tu nem eu o saber.