Poemas sobre SilĂȘncio de Ary dos Santos

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Poemas de silĂȘncio de Ary dos Santos. Leia este e outros poemas de Ary dos Santos em Poetris.

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu nĂŁo vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tĂŁo tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando Ă  boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nĂłs nos olhĂĄmos, tardĂĄmos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficĂĄmos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nĂłs dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu nĂŁo tenho a certeza
Se tu Ă©s a alegria
Ou se Ă©s a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu nĂŁo tenho a certeza!

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silĂȘncios que Ă  noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados nĂŁo adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

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A cidade Ă© um chĂŁo de palavras pisadas

A cidade Ă© um chĂŁo de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distĂąncia e a palavra medo.

A cidade Ă© um saco um pulmĂŁo que respira
pela palavra ĂĄgua pela palavra brisa
A cidade Ă© um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estĂĄtuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo Ă© uma rosa rubra.
A palavra silĂȘncio Ă© uma rosa chĂĄ.
Não hå céu de palavras que a cidade não cubra
nĂŁo hĂĄ rua de sons que a palavra nĂŁo corra
Ă  procura da sombra de uma luz que nĂŁo hĂĄ.

Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausĂȘncia tudo liso de espanto
e nem CamÔes Virgílio Shelley Dante
– o meu amigo estĂĄ longe
e a distĂąncia Ă© bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mĂŁe nem pai
Ah não CamÔes Virgílio Shelley Dante!

– o meu amigo estĂĄ longe
e a tristeza Ă© bastante.

Nada a nĂŁo ser este silĂȘncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai CamÔes Virgílio Shelley Dante:
o meu amigo estĂĄ longe
e a saudade Ă© bastante!