Triste Padeço
Aves que o ar discorrei,
No vĂŽo as asas batendo,
E por vossas penas conta
Ăs minhas meu sentimento.Compadecidas ouvi
De minha dor os excessos,
Mas em dizer que Ă© saudade,
Digo o que posso dizer-vos.
Triste padeço, e ausente
Os golpes dos meus receios
Nas batalhas da distĂąncia,
Nos desafios do tempo.Nas violĂȘncias, do que choro,
Dos alĂvios desespero,
Que nĂŁo adormece a queixa,
Quando a desperta o desvelo.Esmoreceu a esperança
Nas dilaçÔes do desejo
Prognosticando a ruĂna
Frenético o pensamento.Se meu mal são sintomas,
Mortais ausĂȘncias, e zelos,
Era o remédio esquecer-me,
Se em mim houvera esquecimento.Mas se faz no meu cuidado
OperaçÔes o veneno,
Viva de senti-lo quem,
NĂŁo morre de padecĂȘ-lo.JĂĄ que morro, ingrata sorte,
Ăs mĂŁos da tua porfia,
Deixa-me inquirir um dia
A causa da minha morte:Se amor com impulso forte
Me rendeu, como me aparta
Do bem, que na alma retrata
Minha doce saudade,
Poemas sobre Sintomas
2 resultadosFragmento Terceiro
I
Campos de ira, tĂŁo vasto sentimento
vos afasta. Ăris morta! Os actos radicais
constroem, em projeto, um frĂĄgil
universo â a tinta, o espaço Ăłptico.
Descansam os sentidos sobre prĂłdigas
defesas: os filtros turvos, as precauçÔes
na sua cura. Os nervos tersos
da anålise da vida e da matéria.II
Desviam-se dos livros. Hoje escreve
contra a morte dos olhos, a existĂȘncia
passĂvel de leitura. Ineptos, os sons
perdem-se na encosta. o vento fere
ainda? Inscrito
na årea da cabeça, é esse rastro
ainda vivo. Domino a sua queda, os seus poderes
punitivos, a sua força hereditåria.III
Persistir no imĂłvel. Preencher
os anos que nos moldam
no vigor da fibra, no duro movimento
interior â a que destino, a que imaturo
ritmo, sem preço? Pois é o caro
prémio deste dorso
de o cumprir, pensar, até ao fim.
Ou de saber adestrå-lo até que,
exausto, sĂł impulso
vigore â a morte lida
num prĂłximo sentido, ainda vivo.IV
Como contacto Ășnico,