Tu, VĂŁ Filosofia

Tu, vĂŁ Filosofia, embora aviltes
Os crentes nas visões do pensamento,
Turvo clarĂŁo de raciocĂ­nios tristes
Por entre sombras nos conduz, e a mente,
Rastejando a verdade, a desencanta;
Nem doloroso espĂ­rito se ilude,
Se o que, dormindo, creu, crĂŞ, despertando.
Até no afortunado a vida é sonho
(Sonho, que lá no fim se verifica),
E ansioso pesadelo em mim, que a choro,
Em mim, que provo o fel da desventura,
Desde que levantei, que abri, carpindo,
Os olhos infantis Ă  luz primeira;
Em mim, que fui, que sou de Amor o escravo,
E a vĂ­tima serei, e o desengano
Da suprema paixĂŁo, por ti cantada
Em versos imortais, como o princĂ­pio
Etéreo, criador, de que emanaram.