Poemas sobre Vilões

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Poemas de vilões escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

A Senhora de Brabante

Tem um leque de plumas gloriosas,
na sua mĂŁo macia e cintilante,
de anéis de pedras finas preciosas
a Senhora Duquesa de Brabante.

Numa cadeira de espaldar dourado,
Escuta os galanteios dos barões.
— É noite: e, sob o azul morno e calado,
concebem os jasmins e os corações.

Recorda o senhor Bispo acções passadas.
Falam damas de jĂłias e cetins.
Tratam barões de festas e caçadas
à moda goda: — aos toques dos clarins!

Mas a Duquesa é triste. — Oculta mágoa
vela seu rosto de um solene véu.
— Ao luar, sobre os tanques chora a água…
— Cantando, os rouxinĂłis lembram o cĂ©u…

Dizem as lendas que SatĂŁ vestido
de uma armadura feita de um brilhante,
ousou falar do seu amor florido
Ă  Senhora Duquesa de Brabante.

Dizem que o ouviram ao luar nas águas,
mais louro do que o sol, marmĂłreo, e lindo,
tirar de uma viola estranhas mágoas,
pelas noites que os cravos vĂŞm abrindo…

Dizem mais que na seda das varetas
do seu leque ducal de mil matizes…

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NĂłs Somos Vida das Gentes

Sempre Ă© morto quem do arado
há-de viver.

NĂłs somos vida das gentes,
e morte de nossas vidas;
a tiranos pacientes
que a unhas e a dentes
nos tĂŞm as almas roĂ­das.
Pera que Ă© parouvelar?
Que queira ser pecador
o lavrador,
nĂŁo tem tempo nem lugar
nem somente d’alimpar
as gotas do seu suor.

N’ergueija bradam co’ele,
porque assoviou a um cĂŁo;
e logo excomunhĂŁo na pele,
o fidalgo, maçar nele,
atá o mais triste rascão.
Se nĂŁo levam torta a mĂŁo,
nĂŁo lhe acham nenhum dereito.
Muito atribulados sĂŁo!
Cada um pela o vilĂŁo
per seu jeito.

Trago a prepĂłsito isto,
perque veio a bem de fala.
Manifesto está e visto
que o bento Jesu Cristo
deve ser homem de gala.
E Ă© rezĂŁo que nos valha
neste serĂŁo glorioso,
que Ă© gram refĂşgio sem falha.
Isto me faz forçoso,
e nĂŁo estou temeroso
nemigalha.

(excerto)

Adeus!

Adeus! para sempre adeus!
Vai-te, oh! vai-te, que nesta hora
Sinto a justiça dos céus
Esmagar-me a alma que chora.
Choro porque nĂŁo te amei,
Choro o amor que me tiveste;
O que eu perco, bem no sei,
Mas tu… tu nada perdeste;
Que este mau coração meu
Nos secretos escaninhos
Tem venenos tĂŁo daninhos
Que o seu poder sĂł sei eu.

Oh! vai… para sempre adeus!
Vai, que há justiça nos céus.
Sinto gerar na peçonha
Do ulcerado coração
Essa vĂ­bora medonha
Que por seu fatal condĂŁo
Há-de rasgá-lo ao nascer:
Há-de sim, serás vingada,
E o meu castigo há-de ser
CiĂşme de ver-te amada,
Remorso de te perder.

Vai-te, oh! vai-te, longe, embora,
Que sou eu capaz agora
De te amar – Ai! se eu te amasse!
Vê se no árido pragal
Deste peito se ateasse
De amor o incĂŞndio fatal!
Mais negro e feio no inferno
NĂŁo chameia o fogo eterno.
Que sim? Que antes isso? – Ai, triste!
NĂŁo sabes o que pediste.

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