Fuga Proveitosa

Não hås também agora de vencer-me,
Que eu hei-de resistir-te, Amor tirano.
Que Ă© isto? Sempre entende o teu engano
Que hĂĄ com novas astĂșcias de render-me?

Imaginas que para esmorecer-me
Basta oferecer-me um rosto soberano?
Pois nĂŁo, Amor, que o velho Desengano
NĂŁo faz mais que avisar-me e reprender-me.

Se alguma cousa dele necessitas,
Eu sou bom portador, podes dizĂȘ-lo
Que eu farei quanto tu me encomendares.

Mas que queres, que tanto assim me gritas?
Que espere? NĂŁo, Amor, que o meu desvelo
SĂł se salva em fugir dos teus altares.