Passagens sobre AstĂșcia

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Frases sobre astĂșcia, poemas sobre astĂșcia e outras passagens sobre astĂșcia para ler e compartilhar. Leia as melhores citaçÔes em Poetris.

Os hĂĄbeis oradores, com astĂșcia e prudĂȘncia, sabem converter em elogios os insultos recebidos dos amigos.

O PrestĂ­gio da Poesia

O prestĂ­gio da poesia Ă© menos ela nĂŁo acabar nunca do que propriamente começar. É um inĂ­cio perene, nunca uma chegada seja ao que for. E ficamos estendidos nas camas, enfrentando a perturbada imagem da nossa imagem, assim, olhados pelas coisas que olhamos. Aprendemos entĂŁo certas astĂșcias, por exemplo: Ă© preciso apanhar a ocasional distracção das coisas, e desaparecer; fugir para o outro lado, onde elas nem suspeitam da nossa consciĂȘncia; e apanhĂĄ-las quando fecham as pĂĄlpebras, um momento, rĂĄpidas, e rapidamente pĂŽ-las sob o nosso senhorio, apanhar as coisas durante a sua fortuita distracção, um interregno, um instante oblĂ­quo, e enriquecer e intoxicar a vida com essas misteriosas coisas roubadas. TambĂ©m roubĂĄmos a cara chamejante aos espelhos, roubĂĄmos Ă  noite e ao dia as suas inextricĂĄveis imagens, roubĂĄmos a vida prĂłpria Ă  vida geral, e fomos conduzidos por esse roubo a um equĂ­voco: a condenação ou condanação de inquilinos da irrealidade absoluta. O que excede a insolvĂȘncia biogrĂĄfica: com os nomes, as coisas, os sĂ­tios, as horas, a medida pequena de como se respira, a morte que se nĂŁo refuta com nenhum verbo, nenhum argumento, nenhum latrocĂ­nio.
Vivemos demoniacamente toda a nossa inocĂȘncia.

A Fraqueza Fundamental do Homem

A fraqueza fundamental do homem nĂŁo Ă© nada que ele nĂŁo possa vencer, desde que nĂŁo possa aproveitar com a vitĂłria. A juventude vence tudo, a impostura, a astĂșcia mais dissimulada, mas nĂŁo hĂĄ ninguĂ©m que possa deter no voo a vitĂłria, tornĂĄ-la viva, porque entĂŁo a juventude deixou de existir. A velhice nĂŁo ousa tocar na vitĂłria e a nova juventude atormentada pelo novo ataque que se desencadeia imediatamente, deseja a sua prĂłpria vitĂłria. É assim que o Diabo sem cessar vencido, nunca Ă© aniquilado.

O Sofrimento do HipĂłcrita

Ter mentido Ă© ter sofrido. O hipĂłcrita Ă© um paciente na dupla acepção da palavra; calcula um triunfo e sofre um suplĂ­cio. A premeditação indefinida de uma ação ruim, acompanhada por doses de austeridade, a infĂąmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente, nĂŁo ser jamais quem Ă©, fazer ilusĂŁo, Ă© uma fadiga. Compor a candura com todos os elementos negros que trabalham no cĂ©rebro, querer devorar os que o veneram, acariciar, reter-se, reprimir-se, estar sempre alerta, espiar constantemente, compor o rosto do crime latente, fazer da disformidade uma beleza, fabricar uma perfeição com a perversidade, fazer cĂłcegas com o punhal, por açĂșcar no veneno, velar na franqueza do gesto e na mĂșsica da voz, nĂŁo ter o prĂłprio olhar, nada mais difĂ­cil, nada mais doloroso. O odioso da hipocrisia começa obscuramente no hipĂłcrita. Causa nĂĄuseas beber perpĂ©tuamente a impostura. A meiguice com que a astĂșcia disfarça a malvadez repugna ao malvado, continuamente obrigado a trazer essa mistura na boca, e hĂĄ momentos de enjĂŽo em que o hipĂłcrita vomita quase o seu pensamento. Engolir essa saliva Ă© coisa horrĂ­vel. Ajuntai a isto o profundo orgulho. Existem horas estranhas em que o hipĂłcrita se estima. HĂĄ um eu desmedido no impostor.

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Um aspeto da luz que nos guia no caminho da fĂ© Ă© tambĂ©m a «santa astĂșcia». Trata-se daquela sagacidade espiritual que nos permite reconhecer os perigos e evitĂĄ-los: «Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas» (Mateus 10:16).

O cristĂŁo deve manter-se cordeiro, nĂŁo parvo, mas cordeiro. Cordeiro com a astĂșcia cristĂŁ, mas sempre cordeiro. Porque se tu fores cordeiro, Ele defende-te. Mas se te sentes forte como o lobo, Ele nĂŁo te defende; deixa-te sĂł. E os lobos comem-te cru.

Quando a gente mente, ou seja, coloca com astĂșcia alguma coisa que acontece com excessiva raridade ou nunca acontece, aĂ­ a mentira se torna muito mais verosĂ­mil.

Boa e MĂĄ Literatura

O que acontece na literatura não é diferente do que acontece na vida: para onde quer que se volte, depara-se imediatamente com a incorrigível plebe da humanidade, que se encontra por toda a parte em legiÔes, preenchendo todos os espaços e sujando tudo, como as moscas no verão.
Eis a razĂŁo do nĂșmero incalculĂĄvel de livros maus, essa erva daninha da literatura que tudo invade, que tira o alimento do trigo e o sufoca. De facto, eles arrancam tempo, dinheiro e atenção do pĂșblico – coisas que, por direito, pertencem aos bons livros e aos seus nobres fins – e sĂŁo escritos com a Ășnica intenção de proporcionar algum lucro ou emprego. Portanto, nĂŁo sĂŁo apenas inĂșteis, mas tambĂ©m positivamente prejudiciais. Nove dĂ©cimos de toda a nossa literatura actual nĂŁo possui outro objectivo senĂŁo o de extrair alguns tĂĄleres do bolso do pĂșblico: para isso, autores, editores e recenseadores conjuraram firmemente.
Um golpe astuto e maldoso, porĂ©m notĂĄvel, Ă© o que teve ĂȘxito junto aos literatos, aos escrevinhadores que buscam o pĂŁo de cada dia e aos polĂ­grafos de pouca conta, contra o bom gosto e a verdadeira educação da Ă©poca, uma vez que eles conseguiram dominar todo o mundo elegante,

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Regras Gerais da Arte da Guerra

Estou consciente de vos ter falado de muitas coisas que por vĂłs mesmos haveis podido aprender e ponderar. NĂŁo obstante, fi-lo, como ainda hoje vos disse, para melhor vos poder mostrar, atravĂ©s delas, os aspectos formais desta matĂ©ria,e, ainda, para satisfazer aqueles – se fosse esse o caso – que nĂŁo tivessem tido, como vĂłs, a oportunidade de sobre elas tomar conhecimento. Parece-me que, agora, jĂĄ sĂł me resta falar-vos de algumas regras gerais, com as quais deveis estar perfeitamente identificados. SĂŁo as seguintes:
– Tudo o que Ă© Ăștil ao inimigo Ă© prejudicial para ti, e, tudo o que te Ă© Ăștil prejudica o inimigo.
– Aquele que, na guerra, for mais vigilante a observar as intençÔes do inimigo e mais empenho puser na preparação do seu exĂ©rcito, menos perigos correrĂĄ e mais poderĂĄ aspirar Ă  vitĂłria.
– Nunca leves os teus soldados para o campo de batalha sem, previamente, estares seguro do seu Ăąnimo e sem teres a certeza de que nĂŁo tĂȘm medo e estĂŁo disciplinados e convictos de que vĂŁo vencer.
– É preferĂ­vel vencer o inimigo pela fome do que pelas armas. A vitĂłria pelas armas depende muito mais da fortuna do que da virtude.

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Amo os Teus Defeitos

Amo os teus defeitos, e tantos
eram, as tuas faltas para comigo
e as minhas; essa ĂȘnfase
de rechaçar por timidez; solidão
de fazer trepadeiras, agasalhos
para velhos, depois para netos;
indulgĂȘncia de plantar e ver
o crescimento da oliveira do paraĂ­so,
carregada de flores persistentemente
caducas; essa autoridade, irremediĂĄvel
desafio; e a astĂșcia
de termos ambos quase a mesma cara.

A mulher Ă© astuta e mentirosa, por ser fraca e oprimida; e a astĂșcia Ă© a força de quem nĂŁo Ă© forte.

Fuga Proveitosa

Não hås também agora de vencer-me,
Que eu hei-de resistir-te, Amor tirano.
Que Ă© isto? Sempre entende o teu engano
Que hĂĄ com novas astĂșcias de render-me?

Imaginas que para esmorecer-me
Basta oferecer-me um rosto soberano?
Pois nĂŁo, Amor, que o velho Desengano
NĂŁo faz mais que avisar-me e reprender-me.

Se alguma cousa dele necessitas,
Eu sou bom portador, podes dizĂȘ-lo
Que eu farei quanto tu me encomendares.

Mas que queres, que tanto assim me gritas?
Que espere? NĂŁo, Amor, que o meu desvelo
SĂł se salva em fugir dos teus altares.

O VĂ­cio de Ler

O vĂ­cio de ler tudo o que me caĂ­sse nas mĂŁos ocupava o meu tempo livre e quase todo o das aulas. Podia recitar poemas completos do repertĂłrio popular que nessa altura eram de uso corrente na ColĂŽmbia, e os mais belos do SĂ©culo de Ouro e do romantismo espanhĂłis, muitos deles aprendidos nos prĂłprios textos do colĂ©gio. Estes conhecimentos extemporĂąneos na minha idade exasperavam os professores, pois cada vez que me faziam na aula qualquer pergunta difĂ­cil, respondia-lhes com uma citação literĂĄria ou com alguma ideia livresca que eles nĂŁo estavam em condiçÔes de avaliar. O padre Mejia disse: «É um garoto afectado», para nĂŁo dizer insuportĂĄvel. Nunca tive que forçar a memĂłria, pois os poemas e alguns trechos de boa prosa clĂĄssica ficavam-me gravados em trĂȘs ou quatro releituras. Ganhei do padre prefeito a primeira caneta de tinta permanente que tive porque lhe recitei sem erros as cinquenta e sete dĂ©cimas de «A vertigem», de Gaspar NĂșnez de Arce.

Lia nas aulas, com o livro aberto em cima dos joelhos e com tal descaramento que a minha impunidade sĂł parecia possĂ­vel devido Ă  cumplicidade dos professores. A Ășnica coisa que nĂŁo consegui com as minhas astĂșcias bem rimadas foi que me perdoassem a missa diĂĄria Ă s sete da manhĂŁ.

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