Sonetos sobre Fim de Ant贸nio Nobre

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Menino e Mo莽o

Tombou da haste a flor da minha infancia alada,
Murchou na jarra de oiro o pudico jasmim:
Voou aos altos c茅us Sta Aguia, linda fada,
Que d’antes estendia as azas sobre mim.

Julguei que fosse eterna a luz d’essa alvorada,
E que era sempre dia, e nunca tinha fim
Essa viz茫o de luar que vivia encantada,
N’um castello de prata embutido a marfim!

Mas, hoje, as aguias de oiro, aguias da minha infancia,
Que me enchiam de lua o cora莽茫o, outrora,
Partiram e no c茅u evolam-se, a distancia!

Debalde clamo e choro, erguendo aos c茅us meus ais:
Voltam na aza do vento os ais que a alma chora;
Ellas, por茅m, Senhor! ellas n茫o voltam mais…

Desobriga

Os meus peccados, Anjo! os meus peccados!
Contar-t’os? Para que, se n茫o t锚m fim…
Sou santo ao p茅 dos outros desgra莽ados,
Mas tu 茅s mais que santa ao p茅 de mim!

A ti accendo cyrios perfumados,
Fa莽o novenas, queimo-te alecrim,
Quando soffro, me vejo com cuidados…
Nas tuas rezas, lembra-te de mim!

Que eu seja puro d’alma e pensamento!
E que, em dia do grande julgamento,
Minhas culpas n茫o sejam de maior:

Pois tenho, que o c茅u tudo aponta e marca,
Um processo a correr n’essa comarca,
Cujo delegado 茅 Nosso Senhor…