Sonetos sobre Longe de Ant贸nio Nobre

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O Sr. Abbade

Quando vem Junho e deixo esta cidade,
Batina, Caes, tuberculozos c茅us,
Vou para o Seixo, para a minha herdade:
Adeus, cavaco e luar! choupos, adeus!

Tomo o regimen do Sr. Abbade,
E fa莽o as pazes, elle o quer, com Deus.
No seu direito olhar vejo a bondade,
E 谩s capellinhas vou ver os judeus.

Que homem sem par! Ignora o que s茫o dores!
Para elle uma ramada 茅 o pallio verde,
Os cachos d’uvas s茫o as suas flores!

Ao seu passal chama elle o mundo todo…
Sr. Abbade! olhe que nada perde:
Viva na paz, ahi, longe do lodo.

Vae para um Convento!

Falhei na Vida. Zut! Ideaes caidos!
Torres por terra! As arvores sem ramos!
脫 meus amigos! todos n贸s falhamos…
Nada nos resta. Somos uns perdidos.

Choremos, abracemo-nos, unidos!
Que fazer? Porque n茫o nos suicidamos?
Jezus! Jezus! Resigna莽茫o… Formamos
No mundo, o Claustro-pleno dos Vencidos.

Troquemos o burel por esta capa!
Ao longe, os sinos mysticos da Trappa
Clamam por n贸s, convidam-nos a entrar…

Vamos semear o p茫o, podar as uvas,
Pegae na enxada, descal莽ae as luvas,
Tendes bom corpo, Irm茫os! Vamos cavar…

Maes, Vinde Ouvir!

Longe de ti, na cella do meu quarto,
Meu copo cheio de agoirentas fezes,
Sinto que rezas do Outro-mundo, harto,
Pelo teu filho. Minha M茫e, n茫o rezes!

Para fallar, assim, ve tu! j谩 farto,
Para me ouvires blasphemar, 谩s vezes,
Soffres por mim as dores crueis do parto
E trazes-me no ventre nove mezes!

Nunca me houvesses dado 谩 luz, Senhora!
Nunca eu mamasse o leite aureolado
Que me fez homem, magica bebida!

F么ra melhor n茫o ter nascido, f么ra,
Do que andar, como eu ando, degredado
Por esta Costa d’Africa da Vida…