Em Memória de Angélica
Quantas vidas possĂveis já descansam
Nesta bem pobre e diminuta morte,
Quantas vidas possĂveis que outra sorte
Daria ao esquecimento ou à lembrança!Quando eu morrer, morrerá um passado;
Com esta flor, morreu sĂł um futuro
Nas águas que o ignoram, o mais puro
Porvir hoje pios astros arrasado.Eu, como ela, morro em infinitos
Destinos que já não me oferece o acaso;
Procura a minha sombra os gastos mitosDe uma pátria que sempre deu a face.
Um breve mármore diz a sua memória;
Sobre nĂłs todos cresce, atroz, a histĂłria.
Sonetos sobre Mármore de Jorge Luis Borges
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