Sonetos sobre Melhoras de Abade de Jazente

2 resultados
Sonetos de melhoras de Abade de Jazente. Leia este e outros sonetos de Abade de Jazente em Poetris.

Eu nĂŁo Sou de Ferro

Nize, eu nĂŁo sou de ferro, e atenuado,
Ainda que o fora, o uso me teria;
Porque enfim do trabalho na porfia
Se consome o metal mais obstinado.

Instrumento não hå tão reforçado,
Que resista do tempo Ă  bataria:
Gasta o martelo a safra, e a terra fria
Pouco a pouco consome o curvo arado.

Tudo assim Ă©: o amor o mais ardente,
No contĂ­nuo incĂȘndio se evapora;
E o mesmo me acontece ultimamente.

Outro procura pois; e te melhora
De amante, ou mais afouto, ou mais valente;
Que eu jĂĄ nĂŁo posso mais; fica-te embora.

Deixa, Moreira, o Mundo

(Ao seu Amigo)

Deixa, Moreira, o mundo; Ă© tempo agora
De ver da praia firme o golfo insano,
As velas colhe, e o tarde desengano
Com levantadas mĂŁos devoto adora.

Repousa pois: o mundo hoje devora
Com enganos cruéis o peito humano;
E rindo-te de ver o antigo engano,
As antigas paixÔes såbio melhora.

Deixa Amor, deixa as Musas, e somente
Do Ilustre Baco o copo Ă  boca arrima;
Pois alegra a quem vive descontente:

Louva o homem discreto, o SĂĄbio estima;
Ama a virtude; mostra-te prudente;
Toma tabaco, fala Ă  tua Prima.