Sonetos sobre Olhos de Euclides da Cunha

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Sonetos de olhos de Euclides da Cunha. Leia este e outros sonetos de Euclides da Cunha em Poetris.

ReminiscĂŞncia

Um dia a vi, nas lamas da miséria,
Como entre pântanos um branco lírio,
Velada a fronte em palidez funérea,
O frio véu das noivas do martírio!

Pedia esmola — pequena e séria —
Os seios, pastos de eternal delĂ­rio,
Cobertos eram de uma cor cinérea —
Seus olhos tinham o brilhar do cĂ­rio.

Tempos depois n’um carro — audaz, brilhante,
Uma mulher eu vi — febril, galante…
Lancei-lhe o olhar e… maldição! tremi…

Ria-se — cĂ­nica, servil… faceira?
O carro n’uma nuvem de poeira
Se arremessou… e eu nunca mais a vi!

Comparação

“Eu sou fraca e pequena…”
Tu me disseste um dia.
E em teu lábio sorria
Uma dor tĂŁo serena,

Que em mim se refletia
Amargamente amena,
A encantadora pena
Que em teus olhos fulgia.

Mas esta mágoa, o tê-la
É um engano profundo.
Faze por esquecĂŞ-la:

Dos céus azuis ao fundo
É bem pequena a estrela… e
E no entretanto – Ă© um mundo!