Desterro
Já me não amas? Basta! Irei, triste, e exilado
Do meu primeiro amor para outro amor, sozinho.
Adeus, carne cheirosa! Adeus, primeiro ninho
Do meu delĂrio! Adeus, belo corpo adorado!Em ti, como num vale, adormeci deitado,
No meu sonho de amor, em meĂŁo do caminho…
Beijo-te inda uma vez, num Ăşltimo carinho,
Como quem vai sair da pátria desterrado…Adeus, corpo gentil, pátria do meu desejo!
Berço em que se emplumou o meu primeiro idĂlio,
Terra em que floresceu o meu primeiro beijo!Adeus! Esse outro amor há de amargar-me tanto
Como o pĂŁo que se come entre estranhos, no exĂlio,
Amassado com fel e embebido de pranto…
Sonetos sobre PĂŁo de Olavo Bilac
2 resultados Sonetos de pĂŁo de Olavo Bilac. Leia este e outros sonetos de Olavo Bilac em Poetris.
SĂł
Este, que um deus cruel arremessou Ă vida,
Marcando-o com o sinal da sua maldição,
– Este desabrochou como a erva má, nascida
Apenas para aos pĂ©s ser calcada no chĂŁo.De motejo em motejo arrasta a alma ferida…
Sem constância no amor, dentro do coração
Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidĂŁo.Longos dias sem sol! noites de eterno luto!
Alma cega, perdida Ă toa no caminho!
Roto casco de nau, desprezado no mar!E, árvore, acabará sem nunca dar um fruto;
E, homem, há de morrer como viveu: sozinho!
Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!