Sem Esperança
Ó cândidos fantasmas da Esperança,
Meigos espectros do meu vĂŁo Destino,
Volvei a mim nas leves ondas do Hino
Sacramental de Bem-aventurança.Nas veredas da vida a alma não cansa
De vos buscar pelo Vergel divino
Do céu sempre estrelado e diamantino
Onde toda a alma no PerdĂŁo descansa.Na volĂşpia da dor que me transporta,
Que este meu ser transfunde nos Espaços,
Sinto-te longe, ó Esperança morta.E em vão alongo os vacilantes passos
Ă€ procura febril da tua porta,
Da ventura celeste dos teus braços.
Sonetos sobre Procura de Cruz e Souza
3 resultadosImortal Falerno
Quando as Esferas da IlusĂŁo transponho
Vejo sempre tu’alma – essa galera
Feita das rosas brancas da Quimera,
Sempre a vagar no estranho mar do Sonho.Nem aspecto nublado nem tristonho!
Sempre uma doce e constelada Esfera,
Sempre uma voz clamando: – espera, espera,
Lá do fundo de um céu sempre risonho.Sempre uma voz dos Ermos, das Distâncias!
Sempre as longĂnquas, mágicas fragrâncias
De uma voz imortal, divina,pura…E tua boca, Sonhador eterno,
Sempre sequiosa desse azul falerno
Da Esperança do céu que te procura!
DIATRIBE
Dois zoilos mui completos deste mundo,
Dois zoilos há terrĂveis e zelosos,
Que estando sem fazer, mui ociosos
SĂł tratam dum falar nauseabundo.Eu sei mui bem seus nomes — nĂŁo confundo
Com esses bem sensatos, talentosos,
Com esses lidadores mui briosos
Que tĂŞm estudo imenso e bem profundo!Mas ah! pra que tempo hei-de gastar
Com quem sĂł vive imerso na caligem
D’inveja torpe e vil a esbravejar!Isto, meus amigos, Ă© impigem
Que quanto se procura mais coçar
Tanto e tanto mais só dá prurigem!