Sem Remédio
Aqueles que me tĂȘm muito amor
NĂŁo sabem o que sinto e o que sou…
NĂŁo sabem que passou, um dia, a Dor
Ă minha porta e, nesse dia, entrou.E Ă© desde entĂŁo que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!Sinto os passos da Dor, essa cadĂȘncia
Que Ă© jĂĄ tortura infinda, que Ă© demĂȘncia!
Que é jå vontade doida de gritar!E é sempre a mesma mågoa, o mesmo tédio.
A mesma angĂșstia funda, sem remĂ©dio,
Andando atrĂĄs de mim, sem me largar!
Sonetos sobre Remédios de Florbela Espanca
2 resultados Sonetos de remédios de Florbela Espanca. Leia este e outros sonetos de Florbela Espanca em Poetris.
Ărvores Do Alentejo
Ao Prof. Guido Batelli
Horas mortas… Curvada aos pĂ©s do Monte
A planĂcie Ă© um brasido… e, torturadas,
As ĂĄrvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bĂȘnção duma fonte!E quando, manhĂŁ alta, o sol pospoente
A oiro, a giesta, a arder, pelas estradas,
EsfĂngicas, recortam desgrenhadas
Os trĂĄgicos perfis no horizonte!Ărvores! CoraçÔes, almas que choram,
Almas iguais Ă minha, almas que imploram
Em vĂŁo remĂ©dio para tanta mĂĄgoa!Ărvores! NĂŁo choreis! Olhai e vede:
– TambĂ©m ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de ĂĄgua!