Sonetos sobre Sombra de Cruz e Souza

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Sonetos de sombra de Cruz e Souza. Leia este e outros sonetos de Cruz e Souza em Poetris.

Sinfonias Do Ocaso

Musselinosas como brumas diurnas
Descem do acaso as sombras harmoniosas,
Sombras veladas e musselinosas
Para as profundas solidÔes noturnas.

SacrĂĄrios virgens, sacrossantas urnas,
Os céus resplendem de sidéreas rosas,
Da lua e das Estrelas majestosas
Iluminando a escuridĂŁo das furnas.

Ah! por estes sinfĂŽnicos ocasos
A terra exala aromas de ĂĄureos vasos,
Incensos de turĂ­bulos divinos.

Os plenilĂșnios mĂłrbidos vaporam…
E como que no Azul plangem e choram
CĂ­taras, harpas, bandolins, violinos…

Cruzada Nova

Vamos saber das almas os segredos,
Os círculos patéticos da Vida,
Dar-lhes a luz do Amor compadecida
E defendĂȘ-las dos secretos medos.

Vamos fazer dos ĂĄridos rochedos
Manar a ĂĄgua lustral e apetecida,
Pelos ansiosos coraçÔes bebida
No silĂȘncio e na sombra d’arvoredos.

Essas irmĂŁs furtivas das estrelas,
Se nĂŁo formos depressa defendĂȘ-las,
MorrerĂŁo sem encanto e sem carinho.

Paladinos da lĂ­mpida Cruzada!
Conquistemos, sem lança e sem espada,
As almas que encontrarmos no Caminho.

A Fonte De Águas Cristalinas Corre

A fonte de ĂĄguas cristalinas corre
Chamalotes de prata levantando,
E através de arvoredos murmurando,
Entre arvoredos murmurando morre…

No ocaso, o sol, a luz no oceano escorre
E sempre vejo, as sombras afrontando,
Uma mulher que canta e ri, lavando,
Mesmo que o sol muito abrasado jorre.

É verde o campo, deleitável e ermo.
Påssaros cortam vastidÔes sem termo,
Borboletas azuis roçam nas åguas.

E cantando, a mulher, a rir a face,
Lava cantando como se lavasse
As suas grandes e profundas mĂĄgoas.

Alma SolitĂĄria

Ó alma doce e triste e palpitante!
Que cítaras soluçam solitårias
Pelas RegiÔes longínquas, visionårias
Do teu Sonho secreto e fascinante!

Quantas zonas de luz purificante,
Quantos silĂȘncios, quantas sombras vĂĄrias
De esferas imortais imaginĂĄrias
Falam contigo, Ăł Alma cativante!

Que chama acende os teus farĂłis noturnos
E veste os teus mistériosa taciturnos
Dos esplendores do arco de aliança?

Por que Ă©s assim, melancolicamente,
Como um arcanjo infante, adolescente,
Esquecido nos vales da Esperança?!

Horas De Sombra

Horas de sombra, de silĂȘncio amigo
Quando hĂĄ em tudo o encanto da humildade
E que o anjo branco e belo da saudade
Roga por nĂłs o seu perfil antigo.

Horas que o coração nĂŁo vĂȘ perigo
De gozar, de sentir com liberdade…
Horas da asa imortal da Eternidade
Aberta sobre tumular jazigo.

Horas da compaixĂŁo e da clemĂȘncia,
Dos segredos sagrados da existĂȘncia,
De sombras de perdĂŁo sempre benditas.

Horas fecundas, de mistério casto,
Quando dos céus desce, profundo e vasto,
O repouso das almas infinitas.