Infante

Dá-me o sol a minha fronte. Doloridos
e chagados meus pés descalços vão fugindo…
– Memórias dos meus doidos passos incontidos!
– Ó meu rumor do mundo em pétalas abrindo!

Ó corças que correis pela tarde desferindo
o balido ligeiro que alonga os ouvidos…
– Tarde de écloga e mel silvestre reluzindo…
– Minhas vinhas de vinhos de oiro não bebidos…

Desfolham-se ilusões e vão-se sem apegos…
Murchou a flor dos meus desejos com que pude
a vida transformar em ócios e sossegos…

Que lucrei, eu, Senhor! com horas execráveis
dum sonho que perdeu meu corpo de virtude?
– o pródigo que fui dos erros inefáveis!