O Temor Combate-se com a Esperança
NĂŁo haverá razĂŁo para viver, nem termo para as nossas misĂ©rias, se fĂ´r mister temer tudo quanto seja temĂvel. Neste ponto, põe em acção a tua prudĂŞncia; mercĂŞ da animosidade de espĂrito, repele inclusive o temor que te acomete de cara descoberta. Pelo menos, combate uma fraqueza com outra: tempera o receio com a esperança. Por certo que possa ser qualquer um dos riscos que tememos, Ă© ainda mais certo que os nossos temores se apaziguam, quando as nossas esperanças nos enganam.
Estabelece equilĂbrio, pois, entre a esperança e o temor; sempre que houver completa incerteza, inclina a balança em teu favor: crĂŞ no que te agrada. Mesmo que o temor reuna maior nĂşmero de sufrágios, inclina-a sempre para o lado da esperança; deixa de afligir o coração, e figura-te, sem cessar, que a maior parte dos mortais, sem ser afectada, sem se ver seriamente ameaçada por mal algum, vive em permanente e confusa agitação. É que nenhum conserva o governo de si mesmo: deixa-se levar pelos impulsos, e nĂŁo mantĂ©m o seu temor dentro de limites razoáveis. Nenhum diz:
– Autoridade vĂŁ, espĂrito vĂŁo: ou inventou, ou lho contaram.
Flutuamos ao mĂnimo sopro. De circunstâncias duvidosas,
Textos sobre Autoridade de SĂ©neca
2 resultadosAtenção ao Estilo Rebuscado e Cheio de Adornos
Quando vires alguĂ©m com um estilo rebuscado e cheio de adornos podes ter a certeza de que a sua alma apenas se ocupa igualmente de bagatelas. Uma alma verdadeiramente grande Ă© mais tranquila e senhora de si a falar, e em tudo quanto diz há mais firmeza do que preocupação estilĂstica. Tu conheces bem os nossos jovens elegantes, com a barba e o cabelo todo aparado, que parecem acabadinhos de sair da fábrica! De tais criaturas nada terás a esperar de firme ou sĂłlido. O estilo Ă© o adorno da alma: se for demasiado penteado, maquilhado, artificial, em suma, sĂł provará que a alma carece de sinceridade e tem em si algo que soa a falso. NĂŁo Ă© coisa digna de homens o cuidado extremo com o vestuário! Se nos fosse dado observar “por dentro” a alma de um homem de bem — oh! que figura bela e venerável, que fulgor de magnificente tranquilidade nĂłs contemplarĂamos, que brilho nĂŁo emitiriam a justiça, a coragem, a moderação e a prudĂŞncia! E nĂŁo sĂł estas virtudes, mas ainda a frugalidade, o autodomĂnio, a paciĂŞncia, a liberalidade, a gentileza e essa virtude, incrivelmente rara no homem, que Ă© a humanidade — tambĂ©m estas fariam jorrar sobre a alma o seu sublime esplendor!