O Paradoxo da Sabedoria

SĂŁo muito raros no gĂ©nero humano os homens verdadeiramente sĂĄbios; o concurso de condiçÔes e circunstĂąncias especiais necessĂĄrio para que os haja, ocorre com tanta dificuldade que nĂŁo deve admirar a sua raridade: demais a sua aparição pouco ou nada aproveita aos outros homens que os desprezam, perseguem ou motejam, incapazes de compreendĂȘ-los, e os obrigam finalmente ao silĂȘncio, retiro e reclusĂŁo.
(…) NĂŁo esperem os homens por, maior que seja o progresso da sua inteligĂȘncia, chegar a conhecer as verdades capitais e primitivas sobre a essĂȘncia e natureza das coisas: mudarĂŁo de erros, fĂĄbulas, hipĂłteses e teorias, mas nunca poderĂŁo alcançar conhecimentos que hajam de mudar a natureza humana, e fazer os homens diversos do que farĂŁo e do que sĂŁo.
O mundo varia aos olhos e nas opiniÔes dos homens, conforme as idades e condiçÔes da vida.