«O segredo é ser feliz», disse ele, «Não importa como. Simplesmente tenta. Tu podes. Vai-se tornando cada vez mais fácil. Não tem nada a ver com as circunstâncias. Nem conseguirias acreditar quanto bom isso é. Aceita tudo e então a tragédia desaparece. Ou a tragédia vai aliviando, de qualquer forma, enquanto tu estás ali, sem esperares demasiado do mundo».
Passagens sobre Circunstâncias
248 resultadosOs Ideais São Superiores às Crenças
Sou, simplesmente, uma pessoa com algumas ideias que lhe têm servido de razoável governo em todas as circunstâncias, boas ou más, da vida. Costuma-se dizer que o melhor partido para um crente é comportar-se como se Deus estivesse sempre a olhar para ele, situação, imagino eu, que nenhum ser humano terá estofo para aguentar, ou então é porque já estará muito perto de tornar-se, ele próprio, Deus. De todo o modo, e aproveitando o símile, o que eu tenho feito é imaginar que essas tais ideias minhas, estando dentro de mim como devem, também estão fora — e me observam. E realmente não sei o que será mais duro: se prestar contas a Deus, por intermédio dos seus representantes, ou às ideias, que os não têm. Segundo consta, Deus perdoa tudo — o que é uma excelente perspectiva para os que nele acreditem. As ideias, essas, não perdoam. Ou vivemos nós com elas, ou elas viverão contra nós — se não as respeitámos.
A Indagação das Causas e dos Princípios
Visto que esta ciência (a filosofia) é o objecto das nossas indagações, examinemos de que causas e de que princípios se ocupa a filosofia como ciência; questão que se tomará muito mais clara se examinarmos as diversas ideias que formamos do filósofo. Em primeiro lugar, concebemos o filósofo principalmente como conhecedor do conjunto das coisas, enquanto é possível, sem contudo possuir a ciência de cada uma delas em particular. Em seguida, àquele que pode alcançar o conhecimento de coisas difíceis, aquelas a que só se chega vencendo graves dificuldades, não lhe chamaremos filósofo? De facto, conhecer pelos sentidos é uma faculdade comum a todos, e um conhecimento que se adquire sem esforço em nada tem de filosófico. Finalmente, o que tem as mais rigorosas noções das causas, e que melhor ensina estas noções, é mais filósofo do que todos os outros em todas as ciências. E, entre as ciências, aquela que se procura por si mesma, só pelo anseio do saber, é mais filosófica do que a que se estuda pelos seus resultados; assim como a que domina as mais é mais filosófica do que a que se encontra subordinada a qualquer outra. Não, o filósofo não deve receber leis,
Considero-me uma pessoa que tenta ser o mais simples possível e deixar que a vida lhe traga os problemas que ele vai tentar resolver se puder, mais nada. Nunca me considerei coisa nenhuma senão como uma pessoa qualquer à qual a vida apresentou uma série de circunstâncias que ele tratou de uma certa maneira, que me parece a mim que deram resultado, mas que efectivamente pode parecer aos outros diferente.
As pessoas estão sempre culpando suas circunstâncias pelo que elas são. Eu não acredito em circunstâncias. As pessoas que progridem neste mundo são as pessoas que se levantam e procuram pelas circunstâncias que elas querem, e, se elas não conseguem encontrá-las, elas as fazem.
A um Desmaio por Causa de uma Sangria
Penetrou lanceta dura
Naquele valente braço:
Muita neve em pouco espaço,
Muita prata em neve pura.
De ambição não foi loucura,
Destino sim, e foi mais.
Que com circunstâncias tais
Descobriu um Potosi
Entre minas de corais.A fita que o braço atava
Vermelha e branca se via:
De vermelha se corria
E de branca se enfiava.
A prata se aprisionava,
Porém não falta quem diga
Que deu à prata uma figa
A do braço, pois ferido
Ficou mais enriquecido
Vendo sua prata com liga.Entre um desmaio se enleia
Aquele sol animado,
A viu-se o sol desmaiado
Por ser picado na veia.
Desmaia a luz da candeia
Escurecendo o arrebol.
Da luz esconde o farol.
Mas que muito que a luz caia,
Se a luz também se desmaia
Quando se desmaia o sol!
Afinal é o jeitinho português que pode mais do que o engenho humano. Tem-se a sensação ao olhar para Portugal, de um país inteiro que se vai arranjando, que se desenrasca e ajeita conforme as circunstâncias, metendo cunhas e dando toques, tapando buracos e fazendo habilidades. Agora, se isto é mau ou bom, se se deve ou não mudar; sei lá, não me dá jeito pensar neste momento.
São as atitudes e não as circunstâncias que determinam o valor de cada um. O que você diz, com todo respeito, é apenas o que você diz.
Personalidades Potenciais
Trazemos connosco personalidades potenciais que acontecimentos ou acidentes podem potencializar. Assim, a Revolução fez surgir o génio político ou militar nos jovens destinados a uma carreira medíocre numa época normal; a guerra provoca o advento de heróis e de carrascos; a ditadura totalitária transformou seres pálidos em monstros. O exercício incontrolado do poder pode «tornar o sábio louco» (Alain) mas pode tornar sábio o louco, e dar génio ao medíocre, como no caso de Hitler e Estaline. E também as possibilidades de génio ou de demência, de crueldade ou de bondade, de santidade ou de monstruosidade, virtuais em todos os seres, podem desenvolver-se em circunstâncias excepcionais.
Inversamente, estas possibilidades nunca chegarão à luz do dia na chamada vida normal: nos nossos dias, César seria funcionário da CEE, Alexandre teria escrito uma vida de Aristóteles para uma colecção de divulgação, Robespierre seria adjunto de Pierre Mauroy na Câmara de Arras, e Bonaparte seria do séquito de Pascua.
O homem não é produto das circunstâncias. As circunstâncias são produto dos homens.
Saber Contornar As Vicissitudes
Quando estamos febris, tudo quanto provamos nos parece amargo e desagradável, mas, ao vermos outrem saborear as mesmas iguarias sem fazer cara feia, não mais culpamos a comida ou a bebida: culpamo-nos a nós mesmos e ao nosso destempero. De modo similar, desistimos de incriminar as circunstâncias e de com elas nos preocupar quando vemos outrem aceitando as mesmas circunstâncias plácida e alegremente. Quando as coisas não correm na medida dos nossos desejos, muito contribuirá para o nosso contentamento pensarmos nas coisas agradáveis e encantadoras que nos pertencem; na mistura, o melhor eclipsa o pior. Quando os nossos olhos são ofuscados pela claridade excessiva, nós acalmamo-los olhando para a verde relva e para as flores; todavia, mantemos a mente absorta com o que é penoso e forçamo-la a remoer sem trégua os vexames, desviando-a violentamente de pensamentos mais reconfortantes.
Talvez agora não consiga ver a saída. Talvez sinta que o mundo inteiro está contra você, mas acredite que as circunstâncias podem mudar, que as soluções podem aparecer e que a ajuda pode vir de lugares inesperados. Aí tudo é possível.
Não são as Circunstâncias que Decidem a Nossa Vida
A nossa vida, como repertório de possibilidades, é magnífica, exuberante, superior a todas as históricamente conhecidas. Mas assim como o seu formato é maior, transbordou todos os caminhos, princípios, normas e ideais legados pela tradição. É mais vida que todas as vidas, e por isso mesmo mais problemática. Não pode orientar-se no pretérito. Tem de inventar o seu próprio destino.
Mas agora é preciso completar o diagnóstico. A vida, que é, antes de tudo, o que podemos ser, vida possível, é também, e por isso mesmo, decidir entre as possibilidades o que em efeito vamos ser. Circunstâncias e decisão são os dois elementos radicais de que se compõe a vida. A circunstância – as possibilidades – é o que da nossa vida nos é dado e imposto. Isso constitui o que chamamos o mundo. A vida não elege o seu mundo, mas viver é encontrar-se, imediatamente, em um mundo determinado e insubstituível: neste de agora. O nosso mundo é a dimensão de fatalidade que integra a nossa vida.
Mas esta fatalidade vital não se parece à mecânica. Não somos arremessados para a existência como a bala de um fuzil, cuja trajectória está absolutamente pré-determinada. A fatalidade em que caímos ao cair neste mundo – o mundo é sempre este,
Os Elementos do Carácter
O carácter é constituído por um agregado de elementos afectivos aos quais se sobrepõem, mesclando-se muito pouco a eles, alguns elementos intelectuais. São sempre os primeiros que dão ao indivíduo a sua verdadeira personalidade. Sendo numerosos os elementos afectivos, a sua associação formará variados elementos: activos, contemplativos apáticos, sensitivos, etc. Cada um deles actuará diferentemente sob a acção dos mesmos excitantes.
Os agregados constitutivos do carácter podem ser fortemente ou, ao contrário, fracamente cimentados. Aos agregados sólidos correspondem as individualidades fortes, que se mantêm não obstante as variações de meio e de circunstâncias. Aos agregados mal cimentados correspondem as mentalidades moles, incertas e mutáveis. Elas modificar-se-iam a cada instante sob as influências mais insignificantes se certas necessidades da vida quotidiana não as orientassem, como as margens de um rio canalizam o seu curso.
Por mais estável que seja o carácter, permanece sempre ligado, no entanto, ao estado dos nossos órgãos. Uma nevralgia, um reumatismo, uma perturbação intestinal, transformam o júbilo em melancolia, a bondade em maldade, a vontade em indolência. Napoleão, doente em Warteloo, já não era Napoleão. César, dispéptico, não teria, sem dúvida, transposto o Rubicon.
As causas morais actuam também no carácter ou, pelo menos,
Escreve-se para preencher vazios, para fazer separações contra a realidade, contra as circunstâncias.
É uma verdade indubitável que, se tivéssemos sido «maiores», as circunstâncias teriam sido mais duras contra nós.
A Força de Toda a Decisão Reside no Tempo
A força de toda a decisão reside no tempo; as situações e as matérias rolam e mudam sem cessar. Na minha vida incorri em alguns erros graves e importantes, não por falta de tino mas por falta de sorte. Há nos objectos que manejamos partes secretas e imprevisíveis, principalmente na natureza dos homens; características mudas, não aparentes, às vezes desconhecidas do próprio possuidor, que se manifestam e despertam em circunstâncias imprevistas. Se a minha prudência não as pôde penetrar e profetizar, não a recrimino por isso; a sua tarefa atém-se aos seus limites; o desfecho derrota-me; e se ele favorecer o partido que rejeitei, não há remédio; não me culpo a mim; acuso a minha fortuna, não a minha obra; isso não se chama arrependimento.
O Homem Ponderado Governa
Cultive a ponderação. É poder controlado. Armazena energia para ser usada em circunstâncias especiais. Ponderação é a arte de erguer as sobrancelhas em vez de deitar o telhado abaixo. Conserva-o calmo e acautelado em diferentes circunstâncias. Não significa fraqueza, nem estupidez, ou indiferença ou desinteresse. Na sua forma mais alta sugere autoconfiança, independência e domínio perfeito. O homem ponderado governa. O trabalho feito com ponderação é mais profícuo porque é bem feito, meticuloso e inteligente. Exerce uma grande influência sobre as outras pessoas. Sugere a existência de largas reservas de energia. Ponderação é poder bem controlado e dirigido. Evita desperdiçar energias vitais, e dá o equilíbrio necessário a todas as nossas forças.
Seria o Amor Português
Muitas vezes te esperei, perdi a conta,
longas manhãs te esperei tremendo
no patamar dos olhos. Que me importa
que batam à porta, façam chegar
jornais, ou cartas, de amizade um pouco
— tanto pó sobre os móveis tua ausência.Se não és tu, que me pode importar?
Alguém bate, insiste através da madeira,
que me importa que batam à porta,
a solidão é uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve.Nada me importa; mas tu enfim me importas.
Importa, por exemplo, no sedoso
cabelo poisar estes lábios aflitos.
Por exemplo: destruir o silêncio.
Abrir certas eclusas, chover em certos campos.
Importa saber da importância
que há na simplicidade final do amor.
Comunicar esse amor. Fertilizá-lo.
«Que me importa que batam à porta…»
Sair de trás da própria porta, buscar
no amor a reconciliação com o mundo.Longas manhãs te esperei, perdi a conta.
Ainda bem que esperei longas manhãs
e lhes perdi a conta, pois é como se
no dia em que eu abrir a porta
do teu amor tudo seja novo,
As pessoas sempre põem a culpa nas circunstâncias por serem quem são. Não acredito em circunstância: os indivíduos de sucesso são aqueles que saem e procuram as condições que desejam; e, se não as encontram, criam-nas.