A Maldade como Poderoso Elemento do Progresso Humano
Os sentimentos fixos e de forma constante qualificados de paixĂ”es constituem, tambĂ©m, possantes factores de opiniĂ”es, de crenças e, por conseguinte, de conduta. Certas paixĂ”es contagiosas tornam-se, por esse motivo, facilmente colectivas. A sua acção Ă©, entĂŁo, irresistĂvel. Elas precipitaram muitos povos uns contra os outros nas diversas fases da histĂłria. As paixĂ”es podem excitar a nossa actividade, porĂ©m, alteram, as mais das vezes, a justeza das opiniĂ”es, impedindo de ver as coisas como realmente sĂŁo e de compreender a sua gĂ©nese. Se nos livros de histĂłria sĂŁo abundantes os erros, Ă© porque, na maior parte dos casos, as paixĂ”es ditam a sua narrativa. NĂŁo se citaria, penso eu, um historiador que haja relatado imparcialmente a Revolução.
O papel das paixĂ”es Ă©, como vemos, muito considerĂĄvel nas nossas opiniĂ”es e, por conseguinte, na gĂ©nese dos acontecimentos. NĂŁo sĂŁo, infelizmente, as mais recomendĂĄveis que tĂȘm exercido maior acção. Kant reconheceu a grande força social das piores paixĂ”es. A maldade Ă©, no seu juĂzo, um poderoso elemento do progresso humano. Parece, infelizmente, muito certo que, se os homens tivessem seguido o preceito do Evangelho âAmai-vos uns aos outrosâ, ao invĂ©s de obedecerem ao da Natureza, que os incita a se destruĂrem mutuamente,
Textos sobre Conduta de Gustave Le Bon
2 resultadosOs Elementos Fixadores da Personalidade
Os resĂduos ancestrais formam a camada mais profunda e mais estĂĄvel do carĂĄcter dos indivĂduos e dos povos. Ă pelo seu âeuâ ancestral que um inglĂȘs, um francĂȘs, um chinĂȘs, diferem tĂŁo profundamente.
Mas a esses remotos atavismos sobrepĂ”em-se elementos suscitados pelo meio social (casta, classe, profissĂŁo, etc.), pela educação e ainda por muitas outras influĂȘncias. Eles imprimem Ă nossa personalidade uma orientação assaz constante. SerĂĄ o âeuâ, um pouco artificial, assim formado, que exteriorizaremos cada dia.
Entre todos os elementos formadores da personalidade, o mais activo, depois da raça, Ă© o que determina o agrupamento social ao qual pertencemos. Fundidas no mesmo molde pelas idĂ©ias, as opiniĂ”es e as condutas semelhantes que lhes sĂŁo impostas, as individualidades de um grupo: militares, magistrados, padres, operĂĄrios, marinheiros, etc., apresentam numerosos carĂĄcteres idĂȘnticos.
As suas opiniĂ”es e os seus juĂzos sĂŁo, em geral, vizinhos, porquanto sendo cada grupo social muito nivelador, a originalidade nĂŁo Ă© tolerada nele. Aquele que se quer diferenciar do seu grupo tem-no inteiramente por inimigo.
Essa tirania dos grupos sociais, na qual insistiremos, nĂŁo Ă© inĂștil. Se os homens nĂŁo tivessem por guia as opiniĂ”es e a maneira de proceder daqueles que os cercam,