Textos sobre Esforço de Henry Miller

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Textos de esforço de Henry Miller. Leia este e outros textos de Henry Miller em Poetris.

A Arte e a Vida

Todos nós sabemos, quando fazemos algo, o quanto deixåmos de fora, o quão grandemente falhåmos, e carregamos dentro de nós uma imagem da coisa perfeita que falhou na materialização, e isso nós encaramos como o poema, isso é o que pedimos que nos reconheçam. Isso é o nosso orgulho, o nosso ego, exigindo completo reconhecimento.

E Ă© difĂ­cil separar a obra de arte do homem ou da mulher que a produziu. Tendemos a confundir os dois. No fim de contas, suponho, a histĂłria da luta que o artista atravessou para dar Ă  luz a sua ideia Ă© tĂŁo patente, tĂŁo intensa, que mesmo que queiramos permanecer crĂ­ticos — Ă s vezes — vemos que Ă© quase impossĂ­vel fazĂȘ-lo. Mas sĂł porque a arte nĂŁo Ă© vida, sĂł porque a arte Ă© uma criação tĂŁo inextrincavelmente ligada Ă  vida, precisamos de fazer grandes esforços para isolar o elemento da arte em vez do elemento da vida. Por vezes, parece-me quase ridĂ­culo dizermos que este homem Ă© mais humano do que aquele, que revela mais da vida, etc., no seu trabalho.

Como pode alguĂ©m realmente dizer isso… se levarmos isto ao limite? Porque o Ășltimo movimento da caneta Ă© revelador…

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Viver Plenamente os Desejos

Quanto ao facto de saber se o sexual e o religioso sĂŁo antagĂłnicos e opostos, eu responderia do seguinte modo: todos os elementos ou aspectos da vida, por muito pobres, por muito duvidosos que sejam (para nĂłs), sĂŁo susceptĂ­veis de conversĂŁo, e na verdade devem ser transpostos para outro nĂ­vel, de acordo com a nossa maturidade e inteligĂȘncia.O esforço visando eliminar os aspectos «repugnantes» da existĂȘncia, que Ă© a obsessĂŁo dos moralistas, nĂŁo sĂł Ă© absurdo, como fĂștil. É possĂ­vel ser-se bem sucedido na repressĂŁo dos pensamentos e desejos, dos impulsos e tendĂȘncias feios e «pecaminosos». mas os resultados sĂŁo manifestamente desastrosos. (É estreita a margem que separa um santo e um criminoso). Viver plenamente os seus desejos e, ao fazĂȘ-lo, modificar subtilmente a natureza destes, Ă© o objectivo de todo o indivĂ­duo que aspira a desenvolver-se. Mas o desejo Ă© soberano e inextirpĂĄvel, mesmo quando, como dizem os budistas, se converte no seu contrĂĄrio. Para alguĂ©m se poder libertar do desejo, tem que desejar fazĂȘ-lo.