Diferentes Caminhos para uma Felicidade Sempre Insuficiente
O objectivo para o qual o princĂpio do prazer nos impele — o de nos tornarmos felizes — nĂŁo Ă© atingĂvel; contudo, nĂŁo podemos — ou melhor, nĂŁo temos o direito — de desistir do esforço da sua realização de uma maneira ou de outra. Caminhos muito diferentes podem ser seguidos para isso; alguns dedicam-se ao aspecto positivo do objectivo, o atingir do prazer; outros o negativo, o evitar da dor. Por nenhum destes caminhos conseguimos atingir tudo o que desejamos. Naquele sentido modificado em que vimos que era atingĂvel, a felicidade Ă© um problema de gestĂŁo da libido em cada indivĂduo. NĂŁo há uma receita soberana nesta matĂ©ria que sirva para todos; cada um deve descobrir por si qual o mĂ©todo atravĂ©s do qual poderá alcançar a felicidade. Toda a espĂ©cie de factores irá influenciar a sua escolha. Depende da quantidade de satisfação real que ele irá encontrar no mundo externo, e atĂ© onde acha necessário tornar-se independente dele. Por fim, na confiança que tem em si prĂłprio do seu poder de modificar conforme os seus desejos. Mesmo nesta fase, a constituição mental do indivĂduo tem um papel decisivo, para alĂ©m de quaisquer considerações externas. O homem que Ă© predominantemente erĂłtico irá escolher em primeiro lugar relações emocionais com os outros;
Textos sobre Esforço de Sigmund Freud
4 resultadosA Eleição NarcĂsica dos Ideais dos Povos
As pessoas estarĂŁo sempre prontamente inclinadas a incluir entre os predicados psĂquicos de uma cultura os seus ideais, ou seja, as suas estimativas a respeito de que realizações sĂŁo mais elevadas e em relação Ă s quais se devem fazer esforços por atingir. Parece, a princĂpio, que esses ideais determinam as realizações da unidade cultural; contudo, o curso real dos acontecimentos parece indicar que os ideais baseiam-se nas primeiras realizações que foram tornadas possĂveis por uma combinação entre os dotes internos da cultura e as circunstâncias externas, e que essas primeiras realizações sĂŁo entĂŁo erigidas pelo ideal como algo a ser levado avante. A satisfação que o ideal oferece aos participantes da cultura Ă©, portanto, de natureza narcĂsica; repousa no seu orgulho pelo que já foi alcançado com ĂŞxito. Tornar essa satisfação completa exige uma comparação com outras culturas que visaram a realizações diferentes e desenvolveram ideais distintos. É a partir da intensidade dessas diferenças que toda a cultura reivindica o direito de olhar com desdĂ©m para o resto. Desse modo, os ideais culturais tornam-se fonte de discĂłrdia e inimizades entre unidades culturais diferentes, tal como se pode constatar claramente no caso das nações.
Tu Dás-me Objectivos, Direcção e Felicidade
Eu estava Ă procura na ciĂŞncia da satisfação que o esforço da pesquisa e o momento da descoberta oferecem; eu nunca fui daquelas pessoas que nĂŁo aguentam o pensamento de terem desperdiçado a sua vida antes de terem conseguido escrever o seu nome na rocha pelo meio das ondas. Mas quando penso como Ă© que eu seria se nĂŁo te tivesse encontrado – sem ambição, sem saber desfrutar os pequenos prazeres da vida, sem qualquer fascĂnio pela magia do ouro, e ao mesmo tempo dotado de uma inteligĂŞncia moderada e sem quaisquer meios materiais – iria sentir-me muito miserável e entraria em declĂnio. Tu dás-me nĂŁo apenas objectivos e direcção, mas tambĂ©m tanta felicidade, que nunca poderia sentir-me insatisfeito com o presente infortunado que vivo neste momento; tu dás-me esperança e a certeza do sucesso. Eu sabia-o mesmo antes de tu me amares e sei-o agora que tu me amas, e Ă© graças a ti que me tornei um homem auto-confiante e corajoso.
Desigualdades Irremediáveis
Quem na sua prĂłpria juventude provou as misĂ©rias da pobreza, experimentou a insensibilidade e o orgulho dos ricos, encontra-se certamente ao abrigo da suspeita de incompreensĂŁo e de falta de boa vontade ante os esforços tentados para combater a desigualdade das riquezas e tudo quanto dela decorre. Na verdade, se esta luta invocar o princĂpio abstracto, e baseado na justiça, da igualdade de todos os homens entre si, será demasiado fácil objectar que a natureza foi a primeira, atravĂ©s da soberana desigualdade das capacidades fĂsicas e mentais repartidas pelos seres humanos, a cometer injustiças contra as quais nĂŁo há remĂ©dio.