Textos sobre Horas

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Textos de horas escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

O Desejo é Fruto de um Conhecimento Insuficiente

Não existe nada mais estranho e espinhoso do que a relação entre pessoas que só se conhecem de vista – que diariamente, mesmo hora a hora, se encontram, se observam e que têm assim de manter, sem cumprimenros e sem palavras, a aparência de desconhecimento indiferente, devido ao rigor dos costumes ou a caprichos pessoais. Entre elas existe inquietação e curiosidade exacerbada, a histeria da necessidade insatisfeita, anormalmente recalcada, de conhecimento e comunicação e sobretudo também uma forma de consideração tensa. Pois o ser humano ama e respeita o outro ser humano enquanto não está em posição de o julgar e o desejo é produto de um conhecimento insuficiente.

A Sabedoria pelo Exemplo

Nunca digas que és filósofo – e coíbe-te o mais possível de falar por máximas a pessoas vulgares. Pratica antes o que prescrevem as máximas. Por exemplo: não digas num festim como se deve comer, mas antes come como se deve comer. Que te lembres, em boa hora, como agia Sócrates: sempre fugindo da ostentação, acontecia que, quando pessoas o procuravam para serem conhecidas de filósofos, ele próprio tecia o elogio dos recém-chegados, e aos filósofos os apresentava, tal era o seu desejo de que não dessem por ele.
Se, entre pessoas vulgares, a conversa incidir sobre esta ou aquela máxima, mantém-te em silêncio sempre que possas. Pois, caso contrário, um grande risco podes correr: vomitar de súbito o que ainda não digeriste. E se alguém te disser «Tu nada sabes», e caso não te sintas ofendido por tal despropósito, que saibas começas a ser filósofo. Porque não é restituindo aos pastores a erva comida que as ovelhas lhes provam aquilo que ingeriram. Uma só coisa é verdadeira: uma vez que as ovelhas digeriram o pasto, elas oferecem ao exterior unicamente a lã e o leite. Assim, pois, não ostentes opiniões, através de máximas, entre pessoas vulgares: melhor será que lhes mostres,

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A Qualidade do Motivo da Acção

A aventura foi sempre a vocação do homem, porque é próprio do homem recusar os seus limites, saber a sua verdade para além daquilo que é, ou seja no impossível. Mas a aventura, como tudo o que é do homem, tem o seu estilo de ser, de acordo com as vísceras que lhe couberam, o ar que respirou, a hora da sua vinda. Do carteirista ao revolucionário, toda uma escala de motivos se estabelece para se transporem os limites da aceitação. Mas num confronto pelo mais alto, a aventura daqueles que se assumiram plenamente como homens do seu tempo e sentiram o apelo do negar e do transpor, e sentiram a vertigem do além do limite, a sua aventura toma a forma paralela da consciência que os separa de tudo aquilo que negam.
Assim não é precisamente a própria vida que se jogue que dá a medida da grandeza de uma acção, mas a qualidade do motivo por que a jogamos, a extensão e profundidade de consciência que esse gesto preenche – porque se pode jogar a vida pelo motivo mais fútil.

O acto de jogar e o seu risco, ainda quando se decidem por eles próprios,

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Tu És Deus

Tu, sim, és o Deus que vale a pena: o Deus que quer e consegue ser luz mesmo quando só parecia que conseguiria ser escuridão; o Deus que ama, que atrai, que exalta, que rompe, que geme. O Deus que faz milagres com um sorriso, que cura doenças com um abraço, que ergue pontes com um afago. O Deus que faz da ternura uma prece, da partilha um santuário. É isso, um Deus que faz milagres desde que queira, de verdade, fazer milagres, o que tu és. Oremos, irmão.

Chegou a hora de seres a-teu. A teu. É a teu cargo que está criar o mundo. Todos os dias tens essa possibilidade, todos os dias nasces com essa força dentro de ti. Todos os dias és omnipotente: podes criar o teu mundo. E podes criá-lo exactamente igual ao que era antes e podes criá-lo completamente diferente do que era antes. Todos os dias crias um mundo, todos os dias tens o maior dos poderes nas tuas mãos. Como é que raios ainda não tinhas percebido que eras Deus? A teu. Ouve, recolhe, assimila: a teu. É tudo teu. Tudo o que és é teu. A teu. Sê a-teu.

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