Textos sobre Inatividade

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Textos de inatividade escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Vive Plenamente

Vê se consegues apanhar-te a lamentar-te, quer por palavras quer por pensamentos, por causa de determinada situação em que te encontres, do que as outras pessoas fazem ou dizem, do teu meio envolvente, da situação da tua vida, ou até mesmo por causa do tempo. Uma lamentação é sempre uma não aceitação daquilo que é. E traz invariavelmente consigo uma carga negativa inconsciente. Quando te lamentas, tu próprio te fazes de vítima. Quando elevas a voz, estás no teu poder. Por isso muda a situação tomando providências, levantando a voz se for necessário ou possível; deixa a situação ou aceita-a. Tudo o mais é loucura.

De certa forma, a inconsciência ordinária está sempre ligada à recusa do Agora. O Agora, evidentemente, também significa o aqui. Estás a resistir ao teu aqui e agora? Há pessoas que só estão bem onde não estão. O seu “aqui” nunca é suficientemente bom. Através da auto-observação, vê se é esse o teu caso. Estejas onde estiveres, está lá plenamente. Se achares que o teu aqui e agora é intolerável e te deixa infeliz, tens três opções à escolha: ou te retiras da situação, ou a mudas, ou a aceitas totalmente. Se quiseres tomar a responsabilidade pela tua vida,

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A actividade vence o frio; a inactividade vence o calor; assim, com a sua calma

A actividade vence o frio; a inactividade vence o calor; assim, com a sua calma, vai o sábio corrigindo tudo no mundo.

O Homem não Deseja a Paz

Que estranho bicho o homem. O que ele mais deseja no convívio inter-humano não é afinal a paz, a concórdia, o sossego colectivo. O que ele deseja realmente é a guerra, o risco ao menos disso, e no fundo o desastre, o infortúnio. Ele não foi feito para a conquista de seja o que for, mas só para o conquistar seja o que for. Poucos homens afirmaram que a guerra é um bem (Hegel, por exemplo), mas é isso que no fundo desejam. A guerra é o perigo, o desafio ao destino, a possibilidade de triunfo, mas sobretudo a inquietação em acção. Da paz se diz que é «podre», porque é o estarmos recaídos sobre nós, a inactividade, a derrota que sobrevém não apenas ao que ficou derrotado, mas ainda ou sobretudo ao que venceu. O que ficou derrotado é o mais feliz pela necessidade iniludível de tentar de novo a sorte. Mas o que venceu não tem paz senão por algum tempo no seu coração alvoroçado. A guerra é o estado natural do bicho humano, ele não pode suportar a felicidade a que aspirou. Como o grupo de futebol, qualquer vitória alcançada é o estímulo insuportável para vencer outra vez.

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Fracasso e Inactividade

Nós temos de tomar sempre em conta o fracasso, senão acabamos abruptamente na inactividade, pensei eu, assim como, fora da nossa cabeça, não há nada contra que tenhamos de proceder com mais decisão do que contra a nossa inactividade, temos também, dentro da nossa cabeça, de proceder do mesmo modo contra a inactividade, mais ou menos com a falta de contemplação que nos é própria. Nós temos de nos permitir o pensamento, temos de o ousar, mesmo com o risco de logo fracassarmos, porque de repente nos é impossível ordenar os nossos pensamentos, dado que, quando pensamos, temos de tomar sempre em conta todos os pensamentos que há, que são possíveis, fracassamos sempre naturalmente; nós, no fundo, sempre fracassados e todos os outros também, seja como for que se tenham chamado, mesmo que tenham sido os maiores de todos os génios, de repente, num ponto qualquer, eles fracassaram e o seu sistema desmoronou-se, como provam os seus escritos, que nós admiramos, porque são os que, no fracasso, mais longe foram levados. Pensar significa fracassar, pensei eu. Agir significa fracassar. Mas, naturalmente, nós não agimos para fracassar, tal como não pensamos para fracassar, pensei eu.