Insiste no BenefĂ­cio

Queixas-te de teres dado com um ingrato! Se Ă© a primeira vez que isso te sucede bem podes agradecer Ă  tua sorte… ou Ă  tua prudĂŞncia. Mas esta Ă© uma questĂŁo em que a prudĂŞncia apenas fará de ti um homem azedo, pois se pretenderes evitar o perigo da ingratidĂŁo nunca mais farás benefĂ­cios a ninguĂ©m. Quer dizer, para que os teus benefĂ­cios nĂŁo sejam em vĂŁo, privas-te de fazĂŞ-los. A verdade Ă© que Ă© preferĂ­vel proporcionar benefĂ­cios mesmo sem contrapartida do que renunciar a beneficiar os outros: há que voltar a semear, mesmo depois de uma má colheita! As sementeiras perdidas por uma prolongada estirilidade de um terreno pouco fĂ©rtil podem ser compensadas pela abundância de uma Ăşnica messe. Para encontrarmos um sĂł homem grato vale bem a pena sujeitarmo-nos Ă  ingratidĂŁo de muitos.
Ao distribuir benefícios ninguém tem a mão tão certeira que não se possa com frequência enganar: pois sejam em vão esses benefícios, desde que uma ou outra vez sejam bem aplicados! Não é um naufrágio que põe termo à navegação, como não é a presença de um falido que impede o usurário de montar banca no foro. Em breve a nossa vida se transformará num torpor inutilmente ocioso se pretendermos eximir-nos à mínima contrariedade.

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