O Regulador do Prazer e da Dor: o HĂĄbito
O hĂĄbito Ă© o grande regulador da sensibilidade; ele determina a continuidade dos nossos atos, embota o prazer e a dor e nos familiariza com as fadigas e com os mais penosos esforços. O mineiro habitua-se tĂŁo bem Ă sua dura existĂȘncia que dela se recorda saudoso quando a idade o obriga a abandonĂĄ-la e o condena a viver ao sol. O hĂĄbito, regulador da vida habitual, Ă© tambĂ©m o verdadeiro sustentĂĄculo da vida social. Pode-se comparĂĄ-lo Ă inĂ©rcia, que se opĂ”e, em mecĂąnica, Ă s variaçÔes de movimento. A dificuldade para um povo consiste, primeiramente, em criar hĂĄbitos sociais, depois em nĂŁo permanecer muito tempo neles. Quando o jugo dos hĂĄbitos pesou muito tempo num povo, ele sĂł se liberta desse jugo por meio de revoluçÔes violentas. O repouso na adaptação, que o hĂĄbito consiste, nĂŁo se deve prolongar. Povos envelhecidos, civilizaçÔes adiantadas, indivĂduos idosos tendem a sofrer demasiado o jugo do costume, isto Ă©, do hĂĄbito.
Seria inĂștil dissertar longamente sobre o seu papel, que mereceu a atenção de todos os filĂłsofos e se tornou um dogma da sabedoria popular.
âQue sĂŁo os nossos princĂpios naturaisâ, diz Pascal, âsenĂŁo os nossos princĂpios acostumados. E nas crianças,
Textos sobre Pais de Gustave Le Bon
2 resultadosA InfluĂȘncia dos Livros e dos Jornais
Os jornais e os livros exercem no nascimento e na propagação das opiniĂ”es uma influĂȘncia imensa, conquanto inferior Ă dos discursos. Os livros actuam muito menos que os jornais, pois a multidĂŁo nĂŁo os lĂȘ. Alguns foram, contudo, bastante poderosos pela sua influĂȘncia sugestiva para provocar a morte de milhares de homens. Tais sĂŁo as obras de Rousseau, verdadeira bĂblia dos chefes do Terror, ou A Cabana do Pai TomĂĄs, que contribuiu muito para a sanguinolenta guerra de secessĂŁo na AmĂ©rica do Norte. Outras obras como Robinson CrusĂłe e os romances de JĂșlio Verne exerceram grande influĂȘncia nas opiniĂ”es da juventude e determinaram muitas carreiras.
Essa força dos livros era, sobretudo, considerĂĄvel quando se lia pouco. A leitura da BĂblia no tempo de Cromwel criou na Inglaterra um nĂșmero avultado de fanĂĄticos. Sabe-se que na Ă©poca em que foi escrito Dom Quixote, os romances de cavalaria exerciam uma acção tĂŁo perniciosa em todos os cĂ©rebros que os soberanos espanhĂłis vedaram, finalmente, a venda desses livros.
Hoje, a influĂȘncia dos jornais Ă© muito superior Ă força dos livros. SĂŁo em nĂșmero incalculĂĄvel as pessoas que tĂȘm unicamente a opiniĂŁo do jornal que elas lĂȘem.